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agroportal, 20100427

Presidente da Associação Portuguesa de Buiatria alerta:
Desinvestimento no sector primário pode levar à falência do país

João Cannas da Silva faz o balanço das XIV Jornadas da Associação Portuguesa de Buiatria: "o sector agro-pecuário tem sido o parente pobre do país e se não tivermos investimento nesta área, entramos em falência técnica".

O Presidente da Associação Portuguesa de Buiatria (APB), João Cannas da Silva, deixa uma forte mensagem de apelo ao Governo: "é imprescindível a alteração da política agrícola, como aliás é reconhecido pelo actual Ministro da Agricultura. Infelizmente, apesar dos apoios comunitários, assistimos a um desinvestimento catastrófico no sector primário, o que poderá, quanto a nós, inviabilizar o sistema económico do nosso país".

Para o responsável, a política agrícola da comunidade europeia trouxe um grande desinvestimento a na Europa e, em consequência, a maioria das explorações agro-pecuárias estão tecnicamente falidas ou em vias disso, situação que terá que ser invertida em muito curto espaço de tempo.

Países como o Brasil, a Rússia, a Índia e a China (de nomenclatura BRIC) serão a curto prazo, os países mais influentes do sector agro-pecuário: "como é possível importarmos mais produtos alimentares do que há uns anos atrás? Estamos a pagar a factura de uma deficiente visão política e da falta de diálogo entre Governo e especialistas do sector", diz o também Presidente do European College of Bovine Herd Health Management.

Cannas da Silva refere-se ainda a um outro problema que o sector enfrenta: "assistimos a uma fuga de técnicos de elevada competência para o estrangeiro e perguntamo-nos porque não conseguimos reter estes talentos no nosso país. Por outro lado, a banca não dá apoio às pequenas e médias empresas. Como é possível que nos sejam exigidos resultados positivos nos últimos 3 anos, se estamos num país em crise? As instituições bancárias não têm qualquer espécie de sensibilidade para este sector, considerando-o de segunda importância e exigindo garantias que não são possíveis de alcançar".

Desta forma, refere o especialista, vamos assistir a curto prazo ao encerramento de muitas explorações agro-pecuárias, tornando o nosso país cada vez mais dependente das importações. Não vamos ser capazes de comprar produtos no estrangeiro, pois temos que pagar em adiantado. A inversão terá que ser feita e já, senão cairemos na bancarrota, no aumento do desemprego e, provavelmente, na falência do Estado.

"Este ano a Associação Portuguesa de Buiatria conseguiu reunir 350 especialistas em Elvas, o que significa que a classe veterinária está sedenta de novos conhecimentos. Foram três dias de partilha de experiências e casos clínicos que enriquecem a classe e o sector. Estamos muito satisfeitos com a elevada participação na 14ª edição das Jornadas", finaliza o Presidente.

Fonte:  Grupo GCI

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