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MIGUEL CAMBEZES Público22/02/2015 - 06:09 Podemos perder terreno para os nossos concorrentes mais directos, como a Itália, China ou Turquia, se não apostarmos fortemente na promoção.

<http://www.publico.pt/economia/noticia/tomate-portugues-a-conquista-do-primeiro-lugar-no-japao-1686874#> <http://www.publico.pt/n1686874> <>Portugal é o segundo fornecedor mundial de tomate no Japão, o seu segundo mercado de exportação – e estratégico para um setor que é o terceiro mais exportador do país. Mas estes são factos que não acontecem por acaso.

E se o clima favorável e a elevada produtividade (e gestão sustentável) dos solos ajudam a explicar a qualidade, a cor e o sabor da matéria-prima, a existência de uma indústria e uma gestão altamente competitivas, empenhadas em aplicar as melhores e mais avançadas práticas internacionais, permitem assegurar o mais importante: um tomate transformado de grande qualidade, à altura dos países e consumidores mais exigentes.

No top-10 mundial de um setor liderado pelos EUA (basicamente, a Califórnia), que produz 11 milhões de toneladas de tomate anualmente, seguido pela Itália e a China, respetivamente com 4,1 e 3,9 milhões, Portugal produziu 1,2 milhões de toneladas em 2014 e tem a ambição de atingir, muito em breve, os 2 milhões. Naturalmente, num mercado altamente competitivo e dinâmico, esta expansão terá que passar pelo crescimento em quota e valor, para exportar, não apenas polpa e concentrado, mas também produtos finais de elevado valor acrescentado.

Um tomate mais doce que em outras latitudes e uma indústria empenhada em preservar as qualidades naturais da matéria-prima. Estes são fatores distintivos da produção nacional, que fazem todo a diferença quando falamos de mercados como o nipónico, permanentemente à procura de “novidades” de consumo. Por outro lado, certos nutrientes do fruto, como o licopeno ou a cutina, intensificados pelas condições de cultivo e produção do país, permitem o desenvolvimento de uma panóplia de derivados, como sumos, cervejas, gelatinas, gelados e – pasme-se – vinhos. A cosmética e a indústria conserveira são outras áreas com potencial.

O novo centro de competências, no distrito de Santarém, além da admissão e formação de investigadores e técnicos especializados, numa aposta clara em conhecimento e know-how de cunho português, inclui laboratórios, estufas e uma mini-fábrica para processar e testar variedades e novos produtos. O investimento é elevado (na última década, o setor investiu perto de 60 milhões de euros em inovação em Portugal!), mas os ganhos esperados são significativos: subida de 10% na produtividade por hectare e também de 10% nos dias da campanha.

Apesar das muitas conquistas de uma fileira que é hoje a quarta maior exportadora a nível mundial, com níveis de exportação em torno dos 95%, a competitividade do setor pode estar ameaçada se não foram acauteladas questões sensíveis e decisivas (i) a nível interno, como a universalidade dos seguros de colheita ou a descida dos custos energéticos, e (ii) a nível externo, como a atenção às regras de mercado e de regulação de países concorrentes, aos acordos comerciais UE-EUA ou às diferenças cambiais – com o Euro, felizmente mitigadas.

Acima de tudo, podemos perder terreno para os nossos concorrentes mais diretos, como a Itália, China ou Turquia, se não apostarmos fortemente na promoção do setor “estrela do agroalimentar” junto dos mercados onde somos quase líderes ou onde estamos a consolidar a nossa posição. O Japão é, a esse nível, paradigmático, na medida em que, após ultrapassarmos o maior produtor mundial em 2012, os EUA, temos, neste momento, a oportunidade histórica de ultrapassar a China e conquistar a primeira posição no fornecimento de tomate ao país do sol nascente.

Secretário-Geral da Associação dos Industriais de Tomate

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ARMANDO SEVINATE PINTO Público15/02/2015 - 11:40 Dados do INE mostram que Portugal perdeu 40.800 explorações agrícolas em cinco anos.

<http://www.publico.pt/economia/noticia/a-mais-recente-fotografia-da-agricultura-1686148?page=-1#> Foi há pouco tempo publicado pelo INE o resultado da mais recente “fotografia” do sector agrícola português, na sequência do “Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas”, realizado em 2013. Este Inquérito, obrigatório entre recenseamentos gerais que se realizam de dez em dez anos, é a primeira operação censitária após o Recenseamento Geral Agrícola de 2009.

Ficou-se a saber que, em 2013, havia 264 000 explorações agrícolas em Portugal. Menos 40.800 do que em 2009, ainda que a Superfície Agrícola Utilizada (SAU) tenha continuado a ser de cerca de 3,6 milhões de hectares (39,5% do território nacional). A dimensão média das explorações passou, assim, de 12 para 13,8 hectares, em quatro anos.

A dimensão média permanece regionalmente muito heterogénea, variando de um mínimo de 6,5 ha de SAU/ exploração, no Norte e Centro, a um máximo de 56,9 ha, no Alentejo, se não contarmos com o caso especial da Madeira em que é de 0,4 ha por exploração.

A SAU continua muito concentrada uma vez que, um pouco mais de 1000 explorações com mais de 500 ha de SAU, gerem mais de um milhão de ha, enquanto que 191.000 explorações (72% do número total), com menos de 5 ha, são responsáveis, apenas, por 340 000 ha (9,4% da SAU total).

Desde 2009, as explorações que deixaram a actividade foram quase exclusivamente de pequena e muito pequena dimensão, com áreas inferiores a 5 ha, sobretudo nas regiões de Lisboa e do Centro. O número de produtores singulares decresceu quase 15% enquanto que o número de sociedades agrícolas aumentou 47% e exploram 1/3 da SAU nacional, detendo praticamente o mesmo número de animais do que os produtores singulares.

A ocupação cultural da SAU sofreu, apenas, pequenas oscilações. A estrutura de base manteve-se muito aproximada da apurada em 2009, com cerca de 50% de pastagens permanentes (1), 30% de terras aráveis (2) e 20% de culturas permanentes (3). A área de terras aráveis decresceu 6,2%, em especial no que se refere aos cereais de Outono/Inverno, ao contrário do que aconteceu com as culturas permanentes e com as pastagens permanentes, cuja área aumentou, ainda que moderadamente.

Curiosamente e desmentindo uma opinião que, erradamente, se tem generalizado entre os portugueses, a “Superfície Agrícola Não Utilizada” (4), que em 2009 se estimava ser de 128.000 ha, sofreu uma redução de 21%, (27.000 ha) passando a representar apenas 2,7% da SAU total, quando atingia 3,5% em 2009 e 5,3% em 1999.

Quanto à “Dimensão Económica das Explorações”, o INE confirmou que se mantêm as tendências de crescimento mas que continuam a existir grandes assimetrias. Para aferir esta dimensão e para a repartir por classes o INE utiliza o “ Valor da Produção Padrão Total (VPPT) e concluiu que a média deste indicador atingiu 17.100 euros por exploração, o que representa um crescimento de 12,5% relativamente a 2009.

O Inquérito revela que as grandes unidades de produção (mais de 100.000 euros de VPPT), apesar de representarem apenas 3,3 % do número total das explorações, produzem anualmente 58% do VPPT nacional. Em contrapartida, mais de ¾ das explorações são muito pequenas, geram valores inferiores a 8000 euros e contribuem, apenas, para 11% do VPPT nacional.

A “Orientação Técnico/económica da Explorações” revela uma crescente especialização da agricultura. Em 70% das explorações, mais de 2/3 do seu rendimento provem exclusivamente de uma única actividade. São as explorações pecuárias as que apresentam maior dimensão económica, seguidas da horticultura e da floricultura.

Por outro lado, constata-se que a produção padrão de cada hectare regado é cerca de sete vezes superior à produção em condições de sequeiro. Em comparação com a União Europeia, verificou-se que a dimensão económica média das explorações nacionais apenas atinge 2/3 do valor alcançado na UE a 28, sendo que a produtividade da mão-de-obra nacional (14.000 euros por unidade de trabalho anual) fica a menos de metade da média europeia (31000), revelando, a partir deste indicador, um elemento negativo importante da nossa competitividade.

Os dirigentes das explorações portuguesas são comparativamente mais velhos do que na UE, uma vez que mais de metade tem mais de 65 anos, enquanto que na UE este indicador não ultrapassa os 30%.

Também se concluiu pelo inquérito que a população agrícola familiar, formada pelo produtor e pelos membros do seu agregado doméstico, quer tenham ou não trabalhado na exploração, é constituída por 674.000 indivíduos (6,5% da população total residente em Portugal).

Por outro lado, dos agregados domésticos dos produtores, apenas 6,2% declararam que o seu rendimento resultava exclusivamente da actividade na exploração agrícola, enquanto que, em 81% dos casos, os rendimentos provinham maioritariamente de origens exteriores às explorações. Praticamente 2/3 dos agregados declararam receber pensões de reforma, o que está naturalmente relacionado com a idade avançada da população agrícola, cujo índice de envelhecimento médio é cinco vezes superior ao da população não agrícola.

Uma interpretação pessoal dos resultados deste inquérito permite-me concluir que se verifica uma evolução estrutural na agricultura portuguesa, quase sempre no bom sentido. Maiores explorações, mais empresas, menos agricultores mas mais produtivos. Contudo, essa evolução é, não só, excessivamente lenta como muito insuficiente para nos permitir globalmente (em todos os sectores e regiões) enfrentar a concorrência global a que actualmente estamos submetidos.

Dito isto, é bom esclarecer que estivemos a falar essencialmente de médias. Como é evidente, as médias mascaram muito a realidade agrícola nacional que ainda é profundamente heterogénea, como ficou demonstrado pelos resultados expostos por este inquérito.

Temos hoje uma agricultura muito polarizada. Por um lado, uma agricultura que já tem muita influência, com poucos agricultores dispondo de estruturas produtivas favoráveis (áreas, regadio, aparelhos produtivos), moderna, profissionalizada, desenvolvida, competitiva e cada vez mais especializada, com resultados económicos significativamente superiores à média. Por outro lado, uma agricultura, ainda fortemente camponesa, com um elevadíssimo número de pequenos e muito pequenos agricultores, muito envelhecidos, pouco qualificados e auferindo de rendimentos baixíssimos que só tornam possível a sua sobrevivência, ainda assim bastante penosa, porque são complementados com outros rendimentos, designadamente reformas, com origem fora das explorações agrícolas. São duas realidades muito distintas, mas que são frequentemente amalgamadas dificultando qualquer tipo de análise útil e séria, bem como a apreensão pública da realidade agrícola nacional e, infelizmente, muitas vezes, uma acção política esclarecida.

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RAQUEL MARTINS /www.publico.pt/autor/raquel-martins> Público 04/02/2015 - 19:06 Sector perdeu 74 mil postos de trabalho no último ano.

/imagens5.publico.pt/imagens.aspx/901945?tp=UH&db=IMAGENS> O regresso aos campos que no auge da crise parecia ser uma tendência para ficar, poderá ter sido meramente pontual. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que a agricultura e pescas foi o sector onde a redução do emprego mais se fez sentir tanto na comparação com 2013 como com o terceiro trimestre de 2014.

No final do ano passado, a agricultura empregava 348.500 trabalhadores, o número mais baixo desde, pelo menos, 1998. Trata-se de menos 74 mil postos de trabalho do que em 2013 e, nos últimos três meses, a perda chegou quase aos 59 mil.

A sazonalidade própria da actividade pode ajudar a explicar os resultados, uma vez que normalmente o último trimestre do ano é o que apresenta piores resultados. Mas nunca a redução do emprego foi tão elevada como agora, nem mesmo quando a taxa de desemprego em Portugal subiu para níveis históricos e o sector também se ressentiu.

O economista João Cerejeira, da Universidade do Minho, nota que “a diminuição do emprego em termos trimestrais e homólogos dá-se de forma coincidente na agricultura, no emprego de activos com mais de 65 anos e no emprego por conta própria”. Estes empregos, diz, “serão associados a ocupações de menor produtividade e inferior qualidade dos contratos de trabalho”.

Mas, do outro lado da moeda, destaca “a evolução positiva do emprego”, tanto trimestral como homóloga, “nos grupos ou categorias de emprego melhor qualificado e de melhor qualidade contratual”. E dá como exemplos a subida do emprego por conta outrem sem termo (3,7% em relação a 2013 e 0,2% face a Setembro) e do emprego de trabalhadores com ensino superior.

A população empregada entre os que terminaram a universidade foi onde se verificou o maior crescimento (11,6% na comparação anual e 2,7% face ao terceiro trimestre), enquanto o emprego entre os trabalhadores que não forma além do ensino básico recuou, tanto em termos anuais como trimestrais.

Mas já quanto ao tipo de contrato, embora a contratação sem termo tenha aumentado 3,7% face a 2013 e 0,2% em relação ao terceiro trimestre, há também a registar um aumento das outras formas de contratação, onde se incluem os recibos verdes (2,8% no ano e 5,1% no trimestre) e uma subida anual dos contratos a termo (6,5%).

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