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CARLOS DIAS 

O fruto do pinheiro-manso assegurou, em 2010, uma receita de 84 milhões de euros. Para 2014, espera-se que a fileira facture apenas entre oito a dez milhões de euros, devido aos ataques de insectos sugadores.

 

Leptoglossus occidentalis é oriundo dos Estados Unidos da América e Canadá e foi detectado, pela primeira vez, na Europa, no norte de Itália, em 1999, tendo-se aclimatado e disseminado rapidamente por vários países europeus. Em Portugal, a sua presença foi detectada em Outubro de 2010, quase em simultâneo na península de Troia e na região norte.

As consequências do insecto sugador fizeram-se sentir de imediato na produção. Em 2010, foram recolhidos 120 milhões de quilos de pinhas e extraídos quatro milhões de quilos de pinhão, que proporcionaram uma receita de 84 milhões de euros. Nos anos seguintes, a recolha de pinhas baixou de forma drástica e, em 2014, o valor global resultante da produção de pinhões não deverá ultrapassar os 10 milhões de euros.

Severino Lourenço admite que a produção de pinhas “já poderia estar entre os 150 e os 200 milhões de quilos se não fossem as pragas”, realçando o peso que a fileira já representa na economia do país, sobretudo pela mão-de-obra que é envolvida na apanha manual das pinhas e que recebe “cerca de metade do valor da produção”. Qualquer pessoa “pode ganhar 100 euros se apanhar uma tonelada de pinhas por dia”, refere.

Pedro Silveira, director-geral da União da Floresta Mediterrânica – UNAC, não revela excessiva apreensão pela situação anómala que está a afectar a produção de pinhão, alegando que apesar da “explosão de pragas” estas “já existiam antes” e surgiram depois de dois anos de grande produção, um fenómeno que classifica de contra-safra. A perspectiva deste técnica é que a produção seja retomada nos próximos anos, frisando que os pinhais portugueses têm um rendimento “muito superior” aos de Itália, Espanha e Marrocos. E isso leva-o a defender que Portugal é o habitat privilegiado para o pinheiro manso.

Talvez esta constatação explique por que é que, há 40 anos, Portugal “dominava o mercado mundial do pinhão que agora está nas mãos da Itália” como o principal ingrediente de um molho que acompanha o esparguete, observa Pedro Silveira, explicando que, antes do 25 Abril de 1974, o negócio do pinhão estava as mãos de cooperativas que faliram na sequência da revolução dos cravos e que o know-how se perdeu para os italianos e os espanhóis. Aliás, é neste dois países que, segundo dados fornecidos pela UNAC se concentra a quase totalidade do pinhão exportado (Espanha 72,1% e Itália 24,1%), depois vem Angola 2,1%, França com 1% e Luxemburgo com 0,1%.

O director-geral da UNAC lamenta que Portugal continue a ter que exportar mais pinha que pinhão, devido à baixa capacidade de processamento que continua a existir no país, sabendo-se que o valor do pinhão tratado é muito superior ao ganho obtido com a exportação da pinha. No âmbito da produção nacional de frutos secos, o pinhão é já o segundo principal produto exportado, mas passa a primeiro se foi incluído o valor da pinha.

A escassez na produção de pinhão que se tem registado desde 2010 acabou por reflectir-se no preço do produto, que aumentou exponencialmente. A procura é cada vez maior e, no mercado português, “começou a surgir pinhão chinês e paquistanês que custa menos de metade do que é produzido no nosso país” assinala Severino Lourenço.
O preço do pinhão à saída do produtor ronda os 17 euros por quilo e nas grandes superfícies é comercializado numa base que ronda os 90 euros por quilo.

 

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TERESA FIRMINO   Público, 25/03/2014 - 07:39

Estudo projecta os efeitos das alterações climáticas nas oliveiras da bacia mediterrânica até 2050, para um cenário em que a temperatura do ar aumentará até 1,8 graus Celsius de média anual. À primeira vista, Portugal sairá beneficiado.

 

A oliveira é uma espécie resistente à seca

 

 

 

Que impactos terão as alterações climáticas nas oliveiras da bacia mediterrânica, onde actualmente se produz 97% das azeitonas de todo o mundo? Uma equipa de cientistas italianos foi à procura de uma resposta, incluindo pela primeira vez a interacção entre a cultura da oliveira e um dos seus principais inimigos, a praga da mosca-da-azeitona, num mundo sujeito a alterações do clima. Resultado: até 2050, com uma subida da temperatura média anual da temperatura até 1,8 graus Celsius face à medida da década 1960, Portugal e Espanha estarão no lote dos países em que a produção de azeitona conhecerá um aumento.

Que impactos terão as alterações climáticas nas oliveiras da bacia mediterrânica, onde actualmente se produz 97% das azeitonas de todo o mundo? Uma equipa de cientistas italianos foi à procura de uma resposta, incluindo pela primeira vez a relação entre a cultura da oliveira e um dos seus principais inimigos, a mosca-da-azeitona, num mundo sujeito a alterações do clima. Resultado: até 2050, com uma subida da temperatura média anual do ar até 1,8 graus Celsius face à média da década de 1960, Portugal e Espanha estarão no lote dos países em que a produção de azeitona irá aumentar.

Mas a realidade tem sempre nuances, pelo que os impactos do aumento da temperatura nas oliveiras em Portugal não serão assim tão lineares, como conclui ainda o estudo da equipa de Luigi Ponti, da Agência Nacional para as Novas Tecnologias, Energia e Desenvolvimento Económico Sustentável italiana, em Roma, publicado esta segunda-feira na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences.

Embora se preveja que as oliveiras gostem dessa subida de temperatura em todo o país — o que se deverá traduzir num aumento da produção de azeitonas de Norte a Sul em 2050 face à produção e aos preços de 2000 —, tal não significa vá haver lucros em todo o lado. Isto porque as pragas são muito sensíveis à temperatura e à humidade e a mosca-da-azeitona (Bactrocera oleae) não é excepção.

 

 

O Sul de Portugal já é quente no Verão e a mosca-da-azeitona morre quando o calor aperta. Mas o Norte do país é actualmente mais fresco do que o Sul, por isso a subida da temperatura no futuro dará a esta praga margem de progressão.

 

Trás-os-Montes menos beneficiado
Assim sendo, ainda que também no Norte de Portugal se espere que as oliveiras passem a produzir maior quantidade de azeitonas no futuro, a mosca-da-azeitona passará igualmente aí a atacar mais os frutos da oliveira. Feitas as contas, os lucros por hectare deverão descer no Norte e subir no Sul, onde os níveis de infestação se deverão manter mais ou menos iguais aos actuais e onde já hoje o Alentejo é o maior produtor de azeitona do país.

“Na Península Ibérica, incluindo Portugal, a tendência geral projectada pelo nosso cenário climático aponta para o aumento das produções, sem alterações dos níveis de infestação dos frutos pela mosca-da-azeitona, e um aumento dos lucros”, sintetiza Luigi Ponti para o PÚBLICO as principais conclusões do estudo. “Em determinadas áreas de Portugal, os lucros aumentarão devido ao aumento da produção, que compensará a subida dos custos de controlo [da praga] e a descida da qualidade do azeite, ambos resultantes de maiores níveis de infestação”, explica ainda o investigador italiano. “No entanto, apesar dos aumentos da produção, os lucros descerão no Norte de Portugal devido ao aumento da infestação.”

Mas olhando para o território português a uma escala ainda mais pormenorizada, antecipa-se que muitos dos olivais mais pequenos não conseguirão sobreviver, tal como aliás noutras regiões do Mediterrâneo: “A uma escala mais fina, os impactos económicos não serão uniformes e aumentará a taxa de abandono de pequenas propriedades agrícolas em áreas marginais da bacia do Mediterrâneo — propriedades que, além de rendimento, fornecem importantes serviços ao ecossistema, como a conservação do solo e da biodiversidade e a prevenção dos incêndios florestais”, sublinha Luigi Ponti.

“Na União Europeia, incluindo Portugal, a viabilidade das pequenas propriedades agrícolas ficará mais comprometida pelas políticas de subsídios que favorecem os sistemas de produção intensiva de azeitona, menos sustentável ecologicamente, embora o enquadramento político esteja a mudar”, acrescenta o investigador. “Muito provavelmente, pequenos olivicultores com um importante papel ecológico — por exemplo em Trás-os-Montes — irão abandonar os seus olivais durante o actual regime de subsídios, por isso serão os primeiros a ser atingidos mesmo pelos mais pequenos impactos climáticos.”

Presente em toda a bacia do Mediterrâneo, a mosca-da-azeitona provoca quebras na produção e na qualidade do azeite: as fêmeas picam as azeitonas, depositando lá dentro os ovos, de onde saem as larvas que comem a polpa do fruto. As azeitonas não só perdem peso como oxidam pela entrada de ar no seu interior (os azeites serão mais ácidos, com menos qualidade).

Quanto às conclusões do estudo no resto da bacia mediterrânica, globalmente o impacto económico das alterações climáticas na produção de azeitona e de azeite será “mínimo”, resume o investigador. “Não se espera que a produção na bacia mude com o aquecimento global: exceptuando o Médio Oriente, a produção aumentará na Grécia, Turquia, Balcãs, França, Itália, Península Ibérica e Norte de África. Em toda a bacia, haverá um aumento de 4,1% da produção total”, lê-se no artigo científico. Em relação aos lucros, conclui-se que também a Grécia, Turquia, Balcãs, França, Itália e o Norte de África sairão beneficiados. Mas no Médio Oriente, a olivicultura passará a dar prejuízo, neste caso devido a quebras na produção.

Para este estudo, a equipa partiu do pressuposto de que a temperatura subiria no máximo dois graus Celsius até meados deste século face à média da década de 1960, baseando-se num dos cenários futuros para a emissão de gases com efeito de estufa (o cenário A1B, que aponta para um desenvolvimento económico rápido mas menos dependente dos combustíveis fósseis que produzem os gases responsáveis pelo aquecimento da Terra).

Num mundo até dois graus mais quente, pensa-se ainda ser possível lidar com os impactos das alterações do clima. “É provável que ocorra este nível de aquecimento na bacia mediterrânica, entre 2030 e 2060”, considera Luigi Ponti, acrescentando que está agora a fazer um estudo com modelos climáticos mais refinados à escala regional. “Estamos a preparar uma nova avaliação do sistema da oliveira no Mediterrâneo usando dados produzidos por múltiplos modelos climáticos regionais.”

Estes novos resultados deverão permitir uma visão mais aperfeiçoada do olival num Mediterrâneo mais quente, para se perceber melhor o futuro de uma cultura com tanta tradição.

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The Poverty of Renewables

por papinto, em 17.03.14

Bjorn Lomborg, Project Syndicate, 17 March, 2014

 

MIAMI – According to UN Secretary-General Ban Ki-moon, “Climate change harms the poor first and worst.” This is true, because the poor are the most vulnerable and have the least resources with which to adapt. But we often forget that current policies to address global warming make energy much more costly, and that this harms the world’s poor much more.

Solar and wind power was subsidized by $60 billion in 2012. This means that the world spent $60 billion more on energy than was needed. And, because the total climate benefit was a paltry $1.4 billion, the subsidies essentially wasted $58.6 billion. Biofuels were subsidized by another $19 billion, with essentially no climate benefit. All of that money could have been used to improve health care, hire more teachers, build better roads, or lower taxes.

Forcing everyone to buy more expensive, less reliable energy pushes up costs throughout the economy, leaving less for other public goods. The average of macroeconomic models indicates that the total cost of the EU’s climate policy will be €209 billion ($280 billion) per year from 2020 until the end of the century.

The burden of these policies falls overwhelmingly on the world’s poor, because the rich can easily pay more for their energy. I am often taken aback by well-meaning and economically comfortable environmentalists who cavalierly suggest that gasoline prices should be doubled or electricity exclusively sourced from high-cost green sources. That may go over well in affluent Hunterdon County, New Jersey, where residents reportedly spend just 2% of their income on gasoline. But the poorest 30% of the US population spend almost 17% of their after-tax income on gasoline.

Similarly, environmentalists boast that households in the United Kingdom have reduced their electricity consumption by almost 10% since 2005. But they neglect to mention that this reflects a 50% increase in electricity prices, mostly to pay for an increase in the share of renewables from 1.8% to 4.6%.

The poor, no surprise, have reduced their consumption by much more than 10%, whereas the rich have not reduced theirs at all. Over the past five years, heating a UK home has become 63% more expensive, while real wages have declined. Some 17% of households are now energy poor – that is, they have to spend more than 10% of their income on energy; and, because elderly people are typically poorer, about a quarter of their households are energy poor. Deprived pensioners burn old books to keep warm, because they are cheaper than coal, they ride on heated buses all day, and a third leave part of their homes cold.

In Germany, where green subsidies will cost €23.6 billion this year, household electricity prices have increased by 80% since 2000, causing 6.9 million households to live in energy poverty. Wealthy homeowners in Bavaria can feel good about their inefficient solar panels, receiving lavish subsidies essentially paid by poor tenants in the Ruhr, who cannot afford their own solar panels but still have to pay higher electricity costs.

The list goes on. In Greece, where tax hikes on oil have driven up heating costs by 48%, more and more Athenians are cutting down park trees, causing air pollution from wood burning to triple.

But climate policies carry an even larger cost in the developing world, where three billion people lack access to cheap and plentiful energy, perpetuating their poverty. They cook and keep warm by burning twigs and dung, producing indoor air pollution that causes 3.5 million deaths per year – by far the world’s biggest environmental problem.

Access to electricity could solve that problem, while allowing families to read at night, own a refrigerator to keep food from spoiling, or use a computer to connect with the world. It would also allow businesses to produce more competitively, creating jobs and economic growth.

Consider Pakistan and South Africa, where a dearth of generating capacity means recurrent blackouts that wreak havoc on businesses and cost jobs. Yet the funding of new coal-fired power plants in both countries has been widely opposed by well-meaning Westerners and governments. Instead, they suggest renewables as the solution.

But this is hypocritical. The rich world gets just 1.2% of its energy from hugely expensive solar and wind technologies, and we would never accept having power only when the wind was blowing. Over the next two years, Germany will build ten new coal-fired power plants to keep the lights on.

In 1971, 40% of China’s energy came from renewables. Since then, it has powered its explosive economic growth almost exclusively with highly polluting coal, lifting 680 million people out of poverty. Today, China gets a trifling 0.23% of its energy from wind and solar. By contrast, Africa gets 50% of its energy today from renewables – and remains poor.

new analysis from the Center for Global Development quantifies our disregard of the world’s poor. Investing in renewables, we can pull one person out of poverty for about $500. But, using gas electrification, we could pull more than four people out of poverty for the same amount. By focusing on our climate concerns, we deliberately choose to leave more than three out of four people in darkness and poverty.

Addressing global warming effectively requires long-term innovation that makes green energy affordable to all. Until then, wasting enormous sums of money at the expense of the world’s poor is no solution at all.


Read more at http://www.project-syndicate.org/commentary/bj-rn-lomborg-says-that-the-prevailing-solution-to-global-warming-is-hurting-the-poor-more-than-the-problem-is#OrU0qszeVvv2Jsb4.99

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por Francisco Avillez, Professor Catedrático Emérito, ISA/UL11 de Março - 2014

1. Uma das principais características da evolução da agricultura portuguesa desde a nossa adesão às Comunidades Europeias (CE) em 1986 é a diminuição, em volume, do valor acrescentado bruto (VAB) agrícola, a qual tem na sua génese um decréscimo, quer da superfície agrícola cultivada nacional, quer da eficiência económica no uso dos fatores intermédios de produção agrícola o que só parcialmente foi compensado pelos ganhos verificados na produtividade em volume da superfície agrícola cultivada.

 

 

 

De facto, entre o triénio imediatamente anterior à nossa adesão às CE (1983-84-85) e o triénio 2011-12-13, o VAB em volume da Agricultura Portuguesa decresceu a uma taxa média de -0,7%/ano, ritmo de decréscimo este que foi mais acentuado na última década (-1,2%/ano).

Da análise dos fatores mais diretamente determinantes desta evolução desfavorável do VAB agrícola nacional, pode-se concluir, de acordo com as minhas estimativas, que ela resultou de:

• reduções significativas na superfície agrícola cultivada nacional que atingiram uma taxa média de -2,3%/ano;

• perdas sistemáticas na eficiência económica no uso dos fatores intermédios de produção agrícola que se caracterizaram por uma taxa média anual de -1,4%;

• elevados ganhos médios de 3%/ano na produtividade em volume da superfície agrícola cultivada, os quais não foram, no entanto, suficientes para compensar as perdas verificadas nas áreas cultivadas e na eficiência dos fatores intermédios.

2. De acordo com os dados provisórios recentemente disponibilizados pelo INE sobre as Contas Económicas de Agricultura de 2013, é possível verificar que, contrariamente à tendência destas últimas décadas, o VAB agrícola em volume cresceu 4,7% entre 2012 e 2013 e que tal crescimento parece ter resultado, exclusivamente, de uma melhoria, percentualmente idêntica, na eficiência do uso dos fatores intermédios. Digo parece, porque não existem dados que nos permitam estimar a evolução entre 2012 e 2013 da superfície agrícola cultivada e, portanto, da respetiva produtividade da terra.

O que se sabe é que o volume de produção agrícola cresceu neste último ano 0,3%, o que, na minha opinião, deve ter sido consequência de aumentos na superfície agrícola cultivada e não na respetiva produtividade em volume.

3. Em qualquer caso, o que importa aqui sublinhar é que a agricultura portuguesa cresceu de forma “virtuosa” no ano de 2013, uma vez que tal crescimento foi alcançado, no essencial, por uma notável melhoria na eficiência do uso dos fatores intermédios de produção agrícola e que esta melhoria resultou de um aumento do volume da produção agrícola (0,3%) acompanhado por uma redução do consumo dos respetivos fatores intermédios de produção (-2,5%).

Até que ponto é que estes resultados tão favoráveis correspondem ou não a uma viragem no comportamento económico do sector, é uma dúvida a que só será possível responder, de forma segura, em função dos resultados económicos sectoriais dos próximos anos.

4. Vale a pena, no entanto, analisar se terá sido a primeira vez que este crescimento “virtuoso” da agricultura portuguesa se terá verificado nos últimos anos.

Se analisarmos, nesta perspetiva, a evolução dos resultados económicos agrícolas na última década, é possível concluir que o VAB agrícola, em volume, já tinha apresentado evoluções favoráveis em dois dos anos da década em causa:

- no ano de 2006, em que o VAB agrícola em volume cresceu 6% em relação a 2005, crescimento esse associado a um aumento de 4,4% na eficiência no uso dos fatores e resultante de um aumento de 1,4% no volume da produção e de um decréscimo de -1,8% no consumo de bens intermédios;

- no ano de 2008, em que o VAB agrícola em volume cresceu 4,4% em relação a 2007, crescimento esse associado a um aumento na eficiência económica dos fatores intermédios de, apenas, 1,8% e resultante de um aumento, quer no volume da produção agrícola (2,6%), quer no consumo em volume dos fatores intermédios (1,3%).

5. Não se pode, portanto, afirmar que 2013 foi o único ano desta última década com um desempenho económico favorável.

No entanto, a evolução entre 2012 e 2013 parece-me ser mais favorável do que a dos outros anos, porque:

- o crescimento do VAB em 2006 foi, em grande medida, consequência da elevada quebra de produção agrícola ocorrida no ano de 2005;

- o crescimento do VAB em 2008 foi menos “virtuoso” do que em 2013, uma vez que, não só os ganhos de eficiência económica no uso dos fatores intermédios explicam, apenas, 40% do aumentos em volume em 2008, enquanto que em 2013 explicam 100% dos ganhos em causa, como também o aumento, em volume, do VAB se baseou no ano de 2008 em aumentos no volume da produção à custa de acréscimos no volume dos fatores intermédios utilizados, enquanto que em 2013 os ganhos de VAB foram obtidos por se produzir mais utilizando menos fatores.

É cedo, no entanto, para começarmos a deitar foguetes, mas não podemos deixar de estar satisfeitos que, num ano económica e financeiramente tão difícil, a Agricultura Portuguesa tenha sido capaz de fazer crescer de forma “virtuosa” o valor acrescentado nacional. Assim saibamos fazer no futuro as opções corretas no contexto da aplicação em Portugal das medidas de política do 1º e do 2º Pilar da PAC.

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A produtividade dos cientistas

por papinto, em 13.03.14

MIGUEL MOTA 

 

O que foi feito de bom pela Ciência, especialmente durante os governos do PS, não chegou para compensar a destruição dos grandes laboratórios do Estado.

 

O que foi escrito no Expresso de 8/2/2014, com o título “produtividade dos cientistas provoca polémica”, obriga a recordar alguns factos.

O que foi feito de bom pela Ciência, especialmente durante os governos do PS, não chegou para compensar a destruição dos grandes laboratórios do Estado, que já vinha de trás mas foi muito intensificada naquele período. Além de produzirem ciência internacionalmente reconhecida e citada, esses laboratórios ajudaram e muito a economia do país.

A destruição obedece a uma “lei”, não escrita mas religiosamente seguida, que não quer que exista investigação científica pública fora das universidades. Há anos que denuncio essa lei criminosa, que já causou ao país prejuízos enormes, científicos e económicos mas, como noutros casos, tem sido “bradar no deserto”. Uma universidade consegue apropriar-se de um desses laboratórios ou, então, destrói-se. Já conseguiram apropriar-se de, pelo menos, dois. Já tenho referido que, como professor universitário, me sinto insultado por tal prova de mediocridade e inveja que, repito, já causou ao país prejuízos enormes, na investigação e na economia, extinguindo o valiosoknow how que tinha sido acumulado. Não sei como os ministros dos sectores que exigem investigação científica para bem cumprirem a sua missão toleram tal sistema.

O primeiro dos grandes laboratórios foi a Estação Agronómica Nacional, criada em 1936. Para ela foi estabelecida a carreira de investigador científico, paralela da carreira docente universitária. Em 1942 apareceu a Estação de Melhoramento de Plantas, em Elvas, um laboratório mais pequeno e dedicado a uma especialidade. Dez anos depois da Estação Agronómica, foi fundado o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, essencialmente decalcado dela mas podendo defender-se de algumas limitações impostas à Estação, a principal das quais nascer como Direcção-Geral em vez de estar subordinado a um director-geral. Outros laboratórios foram criados posteriormente, sempre dentro do mesmo modelo.

O que aqueles três laboratórios deram ao país, em termos económicos, foi certamente muitas vezes o que o Estado neles investiu. Infelizmente, apesar de eu já o ter proposto, não conheço valores dos resultados económicos da investigação produzida. Na celebração dos 25 anos da Estação de Melhoramento de Plantas, em 1967, o secretário de Estado da Agricultura disse que, para uma despesa total de escassas dezenas de milhar de contos investidos no organismo, a agricultura – e, portanto a economia – tinha recolhido, a mais, pela utilização das variedades de cereais e forragens criadas na Estação, um valor estimado em um milhão de contos. Lembro que a uva D. Maria, de bagos muito grandes e ligeiro gosto a Moscatel, é resultado da investigação realizada na Estação Agronómica.

Há anos, uma antiga ministra da Ciência lamentou-se, num jornal, dizendo que, apesar de ter aumentado o número de papers (artigos científicos), a economia nada beneficiou. Lembrei, noutro escrito, que a causa foi, precisamente, a destruição dos laboratórios.

A investigação que foi protegida (e mal...), nas universidades, talvez produza mais papers, alguns em trabalhos de curto prazo, aqueles para que se conseguiu dinheiro, num sistema de financiamento que considero profundamente errado. Tal sistema é incompatível com boa produtividade em diversos sectores, como a investigação agronómica, com frequência a exigir bastantes anos e planificação a longo prazo (mas com resultados altamente compensadores), onde há colecções a manter e rotinas a cumprir.

Como tenho longa experiência de trabalho em Portugal e noutros países (Suécia, Grã-Bretanha e Estados Unidos) posso afirmar que o trabalho em Portugal custa bem mais tempo e esforço do que naqueles países. Além de carências várias, a espantosa burocracia envolvida custa aos cientistas muito mais esforço e tempo do que naqueles países. E a correcção do sistema não exige verba.

Em 1990 publiquei o artigo “Desburocratização – um caso pontual à consideração do Senhor Ministro das Finanças”, onde propunha uma simplificação que nada custava ao Estado e muito facilitaria a vida dos cientistas. Esse artigo foi premiado com uma menção honrosa num concurso da Secretaria de Estado da Modernização Administrativa, mas nada se alterou. Preferia não receber a menção honrosa mas ver o sistema corrigido.

 

Investigador coordenador e professor catedrático, jubilado

 

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NICOLAU FERREIRA 

De Norte a Sul até às ilhas, os mais importantes locais geológicos do país estão assinalados num site, fruto do trabalho de 70 investigadores.

 

 

 

Há sítios para todos os gostos: pegadas de dinossauros, falésias que mais parecem mil-folhas, com estratos por cima de estratos acumulados há milhões de anos, paisagens graníticas ou minas. São 300 os geossítios reunidos num novo portal que resultam do projecto Identificação, caracterização e conservação do património geológico: uma estratégia de conservação para Portugal, representando as paisagens geológicas portuguesas de maior importância.

“O que fizemos foi olhar para a biblioteca toda que é o nosso território, com todas as ocorrências naturais que temos, e seleccionar quais são aqueles locais devem ser sujeitos a medidas especiais de protecção”, explica José Brilha, professor da Universidade do Minho e coordenador do projecto, que envolveu investigadores das outras universidades portuguesas, da Associação Portuguesa de Geomorfólogos e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa.

O resultado, que envolveu trabalho de 70 cientistas da área da geologia, é o mais completo inventário de geossítios e pode ser visto aqui. “São locais onde os minerais, as rochas, os fósseis ou as geoformas possuem características próprias que nos permitem conhecer a história geológica do nosso planeta”, explica um artigo de 2013, assinado por José Brilha e outros três investigadores.

Agora, o primeiro nível de acção é que “as autoridades nacionais tomem conta deste património, que é de todos nós”, refere José Brilha, num ficheiro áudio distribuído pela Universidade do Minho.

No site, podem procurar-se os geossítios a partir das regiões, dos municípios portugueses, mas também pelos fenómenos geológicos que representam. Desta última forma, é possível fazer uma viagem ao passado geológico da Terra, que deixou marcas no perfil dos rios, na costa portuguesa e em muitos outros aspectos.

Cada geossítio, além de ter uma avaliação do grau de importância científico, tem também uma avaliação da vulnerabilidade. Entre os sítios incluídos estão os blocos erráticos de Valdevez (Gerês), o granito de Lavadores (Gaia), os fósseis de trilobites da Pedreira do Valério (Arouca), as pegadas de dinossauros da Pedreira do Galinha (Serra de Aire), o pico de Ana Ferreira (Porto Santo), o algar do Carvão (ilha Terceira), a cascata do Pulo do Lobo (Mértola), o monumento das Portas de Ródão (Vila Velha de Ródão) ou o parque icnológico de Penha Garcia (Idanha-a-Nova) com rastos de trilobites.

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USDA blog

Mark Jennings plants sunflowers in wheat stubble.

 

Mark Jennings plants sunflowers in wheat stubble.

Attending a no-till conference forever changed the way North Dakota farmer Mark Jennings farmed. He started using basic conservation practices for conserving moisture.

For the past decade he’s been sowing cover crops and reaping rich returns.

Working closely with the USDA’s Natural Resources Conservation Service, Jennings has become a devoted no-till farmer.

At the 2014 Agricultural Outlook Forum, the North Dakota farmer presented his story to a crowded room at the “Economics of Conservation” seminar. USDA hosts the two-day forum.

“I’m working towards sustainability by copying Mother Nature, and Mother Nature doesn’t till,” said Jennings, who grows wheat, sunflowers, corn, soybeans, peas, flax, oats, canola, barley and a variety of cover crops.

“The biological livestock in the ground can do tillage for you,” Jennings said. “There are over a billion organisms in a teaspoon of healthy soil. Tilling destroys them.

Jennings had to overcome obstacles when he switched to no-till. In addition to learning a new way of farming, he faced pressure for trying something different.

“They told me that’s not the way you’re supposed to farm,” Jennings said. He smiled as he clicked through a series of before-and-after pictures of his land. The results speak for themselves.

Showing a picture of layered organic matter covering his soil, he said: “This is money in the bank, and dollars sitting on the soil. The exact value might be hard to measure, but it’s very real.”

Mark Jennings plants corn using no-till, and this harvest is the result.

 

 

Mark Jennings plants corn using no-till, and this harvest is the result.

Since switching to no-till, Jennings has seen increased water holding capacity and better infiltration. He saves money on fuel and fertilizer. He saves time. His soil is healthier, and his yields are larger.

Asked by a member of the audience how cover crops help soil maintain moisture, Jennings replied:

“Imagine a wet towel lying on the ground. If you cover that towel with a blanket, the water won’t evaporate nearly as fast. Cover crops are an organic blanket that helps soil retain water.”

Jennings encourages farmers interested in conservation to visit NRCS.

“They helped me create a conservation plan for my land, and their financial assistance helped me get started by sharing the costs,” he said. “Also, the online Web Soil Survey is a great tool for learning about your soil. I use it all the time.”

Jennings ended his presentation with this advice: “Don’t work the soil, let the soil work for you.”

Mark Jennings plants sunflowers in corn residue on his North Dakota farm.

 

 

Mark Jennings plants sunflowers in corn residue on his North Dakota farm.

 

- See more at: http://blogs.usda.gov/2014/03/04/at-agricultural-outlook-forum-farmer-shows-how-conservation-pays-off/#sthash.jRdVxTfr.dpuf

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Cultivar o futuro . Global Notícias, 2014.03.07

 

Seria difícil imaginar-se, há apenas um par de anos atrás, que o sector agrícola pudesse dar origem a uma grande conferência, como a de ontem, sexta-feira, no local de maior glamour da segunda cidade do País (a Casa da Música, no Porto), com 300 pessoas presentes.

Mais do que isso, 20 mil milhões de investimento nos últimos anos fazem acreditar aos responsáveis do sector de que é possível alterar o paradigma português: um país que importa grande parte do que é a sua alimentação. Só o défice comercial agrícola com Espanha é de quatro mil milhões.

Nuno Amado, presidente da comissão executiva do BCP, anunciou que pretende aumetar o investimento do banco no setor pimário para 20% da quota de mecado Perante a “emergência nacional” em que Portugal está mergulhado, o mercado mexe-se: Nuno Amado, presidente do Millennium bcp anunciou ontem que pretendia aumentar a quota de mercado no sector primário – sobretudo agricultura – de 15% para 20% em dois anos. “E prometemos fazer a nossa parte, ou seja, adequar os produtos financeiros para ciclos longos, já que a agricultura também tem ciclos longos de investimento, exploração e até de cobrança.” Em contrapartida pediu aos agentes do sector que envolvam mais capital próprio e sublinhou o papel crucial que a empresa de garantia mútua, a AgroGarante, pode ter no apoio à facilitação de garantias à banca (que muitos agricultores não podem dar).

Por seu lado, a Frulact, uma das líderes nacionais na transformação de fruta, voltou a lançar o repto de maior produção nacional de fruta de qualidade. A empresa da Maia quer aumentar o volume de produto nacional nos seus produtos, atualmente limitado a 10% (porque não consegue comprar em quantidade e prazo atempado em Portugal). João Miranda, líder da Frulact, lamentou fortemente que, por exemplo, os produtores de morango não estejam suficientemente organizados e capazes de vender mais e melhor “excelente morango português”. Acrescente-se entretanto que o Governo mantém a máxima intensidade na aprovação de “candidaturas viáveis” apresentadas ao Ministério da Agricultura no âmbito do Proder – Programa de Desenvolvimento Rural, frisou ontem o secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque. Depois de quatro anos disfuncionais (até 2010), em que quase nada foi aprovado, neste momento continuam abertas as candidaturas a fundos comunitários com verbas ainda disponíveis do anterior quadro comunitário de apoio. Quando todos os regulamentos dos novos fundos 2014-2020 estiverem publicados, abre-se um novo ciclo mas sem paragens burocráticas que comprometam o investimento. Luís Mira, da Confederação da Agricultura Portuguesa (CAP), rejeitou entretanto a possibilidade de que há muitos terrenos abandonados ao longo do País. “Temos seis milhões de hectares de terrenos agrícolas e apenas 125 mil hectares estão abandonados”, disse, considerando que a iniciativa da “Bolsa de Terras” anunciada pelo Governo nasce ao contrário – o primeiro a disponibilizar as suas terras sem aproveitamento deveria ser o próprio Estado, coisa que não aconteceu. “É uma questão ideologicamente interessante mas não vai ser funcional.”As dificuldades burocráticas até que se consiga arrendar terrenos de outrem “vai demorar 20 anos”.

O secretário-geral da CAP diz que, com tantas opções tecnológicas, incluindo as culturas hidropónicas (em estufa, sem terra), a questão da falta de solo agrícola não é um entrave ao investimento.

 

O painel de debate da conferênca: António Perez Metelo, Luís Pereira Coutinho, Luís Mira, Jorge Dias, Manuel Cardoso e António Fontainhas Fernandes. ( Pedro Granadeiro/Global Imagens )

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