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Manual Do Pinheiro Manso 1369127663 by papinto

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Livro Verde dos Montados

por papinto, em 31.01.14

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Ana Fernandes

Numa década, aquele que é o sector que mais água consome no país reduziu os seus gastos em cerca de 33% ao mesmo tempo que a produtividade das explorações regadas subiu mais do que 30%. A eficiência na agricultura deu passos importantes e quem continuar o caminho será recompensado no próximo quadro comunitário de apoio.

Sol na eira e chuva no nabal. O velho provérbio já há muito se concretizou, contornando as barreiras que o clima impõe a Portugal: Quando as plantas têm melhores condições para crescer, devido ao sol e temperatura, não chove; quando a água é abundante, não há calor nem radiação solar que as convença a despontar. Com os projectos de regadio, os agricultores trocaram as voltas ao fado e fizeram chover no estio. Mas a torneira abria-se vezes de mais, mesmo quando não era necessário. Uma enxurrada que começou a estancar há pouco mais de uma década e que hoje já caminha para que se criem prémios de excelência para os mais eficientes.

Foi um longo caminho e está longe de ter terminado. Mas Portugal já figura entre os países onde melhor se dominam as técnicas de rega, asseguram investigadores e regantes. E quem o faz bem deve ser premiado, considera o Governo. É a razão pela qual, no novo Plano de Desenvolvimento Rural, estará prevista uma medida, no âmbito das agro-ambientais, de apoio financeiro para quem rega com mais eficiência, uma espécie de certificação de que o agricultor usa a água da melhor forma.

"São medidas que visam dar majorações a quem tem e faz boas práticas de gestão da água, porque temos consciência de que o regadio é extraordinariamente importante, e deve ser feito de uma forma sustentada e amiga do ambiente", disse neste domingo a ministra da Agricultura, Assunção Cristas. "Gastando aquilo que é estritamente necessário faz parte também da nossa estratégia de adaptação às alterações climáticas", sublinhou a governante, acrescentando que o programa "deverá ser enviado formalmente à Comissão Europeia ainda durante este mês".

Mas como chegámos até aqui? O certo é que até há 15-20 anos, abria-se a torneira e lá ia água. A gestão era feita a olho — “parece seco, encharque-se”. Assim foi durante décadas, qualquer que fosse o sistema de rega. As caldeiras em volta das árvores empapavam, as regadeiras eram generosas na distribuição do líquido. Mesmo os pivots, quando começaram a surgir, eram usados de igual forma — ligava-se até que a terra parecesse satisfeita.

Mas foi o aparecimento destas estranhas articulações — que na paisagem se assemelham a pontes suspensas — que mudou radicalmente a utilização da água na agricultura. Uma aposta que começou no milho mas que rapidamente se espalhou a outras culturas.

A mudança era imperiosa. A agricultura é, de longe, o maior sorvedouro de água pois gasta entre 75 a 80% do volume consumido no país. Tão enorme consumo é associado a desperdício, uma acusação que tinha muita razão de ser. Mesmo sabendo-se que as críticas por vezes assentavam no desconhecimento de que o país utiliza apenas 20% dos recursos hídricos que tem disponíveis, não deixava de ser socialmente inaceitável que a abundância justificasse o desperdício. Uma verdade ainda mais inquestionável em tempos de seca, que afectam ciclicamente o país, em que a distribuição de água acaba por obrigar a um rateio entre os vários usos.

Mas para quem rega todos os dias, um outro problema acrescia: a quantidade de gente, de sachinho em punho, que era necessária para abrir e fechar regos, um trabalho de uma imensa paciência e de uma enorme voracidade de horas. Não havia competitividade que aguentasse tais custos.

A revolução dos pivots
Até que começaram a surgir os pivots. “Portugal acordou para o que podia fazer com a água”, descreve Francisco Gomes da Silva, secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, e que dedicou boa parte da sua carreira de investigador ao regadio.

“A gestão da água tornou-se mais eficiente, começou-se a utilizar melhor tecnologia e os agricultores aprenderam a usar mais eficazmente o recurso”, sintetiza José Núncio, presidente da Federação Nacional dos Regantes (Fenareg).

O certo é que há pouco mais de dez anos, o desperdício de água na agricultura rondava os 40%. Agora, a ineficiência já baixou para os 37% e o objectivo, traçado no Plano Nacional para o Uso Eficiente da Água, é que, até 2020, as perdas não passem dos 35%. Porém, salvaguarda José Núncio, “também não se pode dizer que toda a água é perdida, pois esta recarrega os aquíferos ou alimenta as linhas de água”.

Segundo Gomes da Silva, a agricultura de regadio, ao longo da última década, “reduziu o volume global de água utilizada em cerca de 33% ao mesmo tempo que a produtividade económica da água de rega subia mais do que 30%”.

Como? Antes de mais, graças à tecnologia. Hoje, os regantes não usam apenas melhores equipamentos, usam informação que lhes diz como fazer. Através de sensores no solo que medem a quantidade de água que a terra nesse momento armazena, de estações meteorológicas que informam sobre o clima e do cruzamento destes dados com outros sobre o tipo de solo, a data da sementeira ou plantação e o equipamento de rega, o agricultor é informado sobre quando e como deve regar.

São informações que fazem toda a diferença: “Antes olhava-se para um solo gretado e regava-se. Hoje, com a ajuda das sondas, sabe-se que nem sempre um solo gretado significa que as raízes não têm água pois tudo depende da profundidade a que esta está”, explica Gomes da Silva.

Da gota-a-gota ao alagamento
Nos aparelhos de rega está outra das respostas na busca de eficiência: muitas culturas, como os pomares, o olival, a vinha, as hortícolas, algum milho e produtos como o tomate, o pimento ou a courgette para indústria já usam a técnica mais eficiente de todas — a gota-a-gota ou microaspersão. Com estes equipamentos, a água corre por tubinhos e é fornecida à planta cirurgicamente, à medida das necessidades. Serão gastos nestas culturas entre 2000 a 3000 metros cúbicos por hectare.

A aspersão, protagonizada pelos pivots ou canhões, continuou o seu caminho, conquistando territórios e culturas. O milho, o sorgo, os pastos e as forragens são os grandes utilizadores desta técnica. Gastarão entre 6000 a 7000 metros cúbicos por hectare.

Finalmente, o alagamento. Utilizada sobretudo no arroz, é das que mais obriga ao consumo de água mas esta cultura necessita que assim seja uma vez que a água não é apenas utilizada para matar a sede às plantas mas também como termoregulador e para combater as infestantes, explica José Núncio. O consumo sobe para os 12 mil metros cúbicos por hectare.

Segundo o presidente da Fenareg, fazendo-se as contas ao consumo de água pela agricultura no país conclui-se que o que chove dá para os gastos. “O que o regadio faz é diferir no tempo essa utilização, através do armazenamento de água nos empreendimentos hidroagrícolas”, adianta.

Abandono de terras pobres
Mas, além da tecnologia, um outro factor contribuiu para o aumento da eficiência da utilização de água na agricultura: o abandono de terras regadas com pouco potencial produtivo. “Historicamente, as barragens eram instaladas nos locais mais altos dos cursos de água para permitir que a água circulasse por gravidade por canais a céu aberto. Portanto, o perímetro de rega era delimitado apenas com um critério: até onde chegava a água, em vez de ser pela qualidade dos solos pois alguns deles não interessavam para regadio”, diz Gomes da Silva.

Hoje, 30 a 40% da área de regadio público (excluindo Alqueva) não é usada. Há vários casos que ilustram esta situação. O perímetro de rega do Mira inclui solos pouco interessantes para a actividade agrícola. Mas um dos exemplos mais ilustrativos é o do Roxo, em que a albufeira servia apenas os piores solos quando, a montante, estavam terras excelentes. Por isso, pouco era utilizada até que a ligação a Alqueva permitiu que solos como os de Aljustrel começassem a receber água.

Porém, defende José Núncio, estes terrenos mais pobres não deveriam, pura e simplesmente, ser abandonados: “Podem ser utilizados para floresta, beneficiando da existência de água, não para a regar mas para a usar cirurgicamente de modo a aumentar a produtividade”. As espécies de crescimento rápido seriam as óbvias escolhas mas há outras espécies com que se poderiam fazer experiências. Uma seria o sobreiro, para perceber até que ponto a rega pode retirar anos à espera pela cortiça. Ou os salgueiros, choupos ou freixos, destinados a biomassa.

Chegados aqui, é caso para festejos? Ainda não. Resta muito por fazer para se conseguir atingir a eficiência desejada. Segundo contas do secretário de Estado, não será exagerar dizer que metade dos agricultores ainda rega mal. É certo que ocupam apenas 20% da área agrícola mas é um campo que tem de ser trabalhado.

Melhores técnicas, boa manutenção dos equipamentos de rega ou pesquisa de plantas menos exigentes de água permitirão atingir uma maior eficiência, algo que é atingível, considera Gomes da Silva, que aponta para poupanças de 30% em dez anos.

Regadio é aposta para continuar
Assim como há ideias alternativas. No Sorraia, a associação de regantes avaliou a possibilidade de utilizar a água das estações de tratamento de águas residuais, para concluir que é viável. “Implicaria muita burocracia, pois são licenciamentos complicados, e exigiria que caso houvesse um problema na ETAR, o sistema fosse imediatamente bloqueado, mas não é impossível, em Espanha fazem-no”, diz José Núncio.

O certo é que, por mais que a Europa tenha dificuldade em entender, o regadio é para continuar e mesmo aumentar em Portugal. É essa a aposta política, que tem sido difícil de defender junto de Bruxelas que não percebe as condicionantes do clima mediterrânico. As discussões sobre os fundos para a agricultura do próximo quadro comunitário de apoio tiveram de ultrapassar as dúvidas levantadas pelas instâncias europeias perante a convicção do Governo de que esta é a fórmula certa para aumentar a competitividade do sector no país.

Será uma aposta correcta? “A produção agrícola em regadio português permite a existência de externalidades positivas. Comparativamente aos cenários alternativos (importação ou sequeiro), a produção em regadio português apresenta produtividades mais elevadas, permitindo uma libertação de área que idealmente poderá ser usada para conservação da natureza”, lê-se num estudo do Instituto Superior Técnico sobre as externalidades do regadio.

Quanto “a questões associadas ao uso intensivo de fertilizantes, não são assinalados problemas generalizados de poluição potencial das massas de água. Em contraposição com a agricultura de sequeiro, o maior controlo dos períodos de rega, associado a uma correcta gestão, pode permitir também uma diminuição da lixiviação. Em termos de utilização de água, para um ano médio, a escassez de água não constitui um problema. Contudo, o mesmo não é verdade para ano seco”, alertam os investigadores.

As negociações com Bruxelas não terminaram, aguardando-se agora o acordo de parcerias proposto por Portugal que passa por usar dinheiro de outros fundos — como o do desenvolvimento regional — para financiar algumas destas obras. É o caso do Alqueva, que o Governo defende poder ser pago com os fundos estruturais — ainda faltam 300 milhões de euros para a sua conclusão.

O Mondego, Óbidos e alguns pequenos regadios são outros dos projectos à espera de luz verde sobre o seu financiamento.

Enquanto isso, o regadio tem de continuar a ser cada vez mais eficiente: “Vamos activar o Conselho Nacional do Regadio, onde se vai discutir o regime jurídico dos aproveitamentos hidroagrícolas, que é muito antigo, e tem de se lançar a discussão sobre o preço da água”, anuncia Gomes da Silva.

Certa já é a recompensação financeira para os que regam bem: “Começa a justificar-se que não possa regar quem quer, mas quem sabe”, tem defendido o governante.

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Constantinopla e o aquecimento global

por papinto, em 20.01.14

A física da atmosfera é uma coisa muito complicada. Não admira que a incerteza científica associada à matéria seja elevada e que a discussão do assunto por não especialistas seja um campo de minas permanente.

 

Interrompo as crónicas sobre barragens e medidas compensatórias, mais uma vez. Com as notícias sobre o frio e este tempo invernoso, começaram a ouvir-se outra vez uma série de comentários, alguns até com bastante graça, dizendo que mais uma vez se percebia que isso do aquecimento global estava muito mal explicado.

É verdade que hoje se fala mais de alterações climáticas do que de aquecimento global. Na opinião dos negacionistas climáticos isso não passa de alterações semânticas cujo objectivo é disfarçar a farsa do aquecimento global, e de caminho aproveitam para falar do frio em Nova Iorque.

Na opinião dos outros, essa alteração de terminologia reflecte o facto de as alterações na atmosfera induzidas pelo aumento de carbono, e outros elementos, embora conduzindo a um aquecimento global, na verdade implicarem uma alterações dos padrões climáticos, dando origem a mais calor e mais seca nuns lados, mas também a mais frio e mais chuva noutros.

Discutir isto com base no frio de um determinado momento, ou o calor noutro, usar permanentemente as alterações climáticas para falar de fogos, secas, inundações, avanço do mar, etc., é uma tolice.

Há anos tentava tornar esta tolice o mais evidente possível:

O frio de hoje, do mês passado ou mesmo do ano passado, em si, não diz rigorosamente nada sobre o clima.

“Meteorologia é a ciência que estuda os meteoros, isto é, os fenómenos da atmosfera. A sua mais conhecida aplicação prática é a previsão do tempo, em diferentes escalas, mas sobretudo em pequenos períodos de tempos. Na realidade as previsões a mais de três dias, embora tenham sofrido progressos notáveis, são ainda relativamente pouco fiáveis.

“O clima estuda o padrão das variações meteorológicas, ou seja, avalia estatisticamente os elementos meteorológicos num período suficientemente grande para permitir avaliar padrões para lá da elevada variação meteorológica de curto prazo. O período considerado mínimo para a análise climática são 30 anos, sendo a média das observações ao longo de 30 anos que define a norma climatológica.

“De um lado e do outro da discussão sobre alterações climáticas tende a esquecer-se esta diferença essencial entre meteorologia e clima.”

O frio de hoje, do mês passado ou mesmo do ano passado, em si, não diz rigorosamente nada sobre o clima. Da mesma forma, a existência de fenómenos fortemente relacionados com a meteorologia, como fogos, avanço do mar, cheias, etc., por mais extremos e raros que sejam, não dizem absolutamente nada sobre alterações climáticas.

A física da atmosfera é uma coisa muito complicada (basta ver que previsões meteorológicas com antecedência maior do que três dias são altamente falíveis, apesar de todos os progressos nesse campo da ciência), o estabelecimento de padrões estatísticos nessa variação é também muito complexo e interpretar as variações desse padrão ao longo de períodos longos de tempo, em que se cruzam muitos factores, muitos deles mal conhecidos, é ainda mais complexo.

Não admira por isso que a incerteza científica associada a esta matéria seja muito elevada, e que a discussão do assunto por não especialistas seja um campo de minas permanente, onde se encontram as mais desvairadas opiniões e teorias de conspiração.

E, somando a tudo, o tempo que faz hoje é bem concreto, o clima de uma região é uma abstracção estatística, nem sempre evidente. Todos sabemos que Londres é muito mais chuvosa do que Lisboa, mas nem todos sabemos que a quantidade de chuva anual em Londres e Lisboa é muito semelhante.

E aqui voltamos ao avanço do mar, especialmente visível em algumas circunstâncias meteorológicas, como foi o caso do início da segunda semana de Janeiro.

Pode haver alguma relação das alterações climáticas com este fenómeno meteorológico. Mas também pode não haver. Esta incerteza deve conduzir à inacção, ou deve apoiar uma gestão inteligente da ocupação do território?

A questão parece-me relativamente simples.

Se não existir qualquer relação entre o avanço do mar e as alterações climáticas (e eu tenderei a dizer que a diminuição da quantidade de sedimentos transportados pelos rios para a costa é um factor muito mais importante no recuo da costa do que as alterações climáticas), o facto de se contar com as alterações climáticas para adoptar políticas mais prudentes pode ter um sobrecusto que é relativamente baixo.

Mas se existir essa relação, e não tivermos feito nada entretanto, os custos associados à perda de vidas e à destruição de riqueza serão brutais.

Acresce que o simples bom senso e o respeito pelo dinheiro dos contribuintes aconselhariam a adopção de medidas de recuo da ocupação da costa em muitas zonas.

A discussão é muito menos científica do que parece: a incerteza existirá sempre e a questão de fundo é política – consiste em saber como queremos gerir essa incerteza, incorporando-a nas nossas decisões colectivas, da forma socialmente mais útil.

E para essa discussão vir falar dos barcos presos no gelo da Antárctida ou no frio polar do Canadá durante meia dúzia de dias é verdadeiramente discutir o sexo dos anjos com os turcos a assediar as muralhas de Constantinopla.

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Para que servem as Universidades?

por papinto, em 18.01.14

As declarações do ministro da Economia no Expresso causaram uma onda de protestos que se juntaram ao desconforto gerado pelo novo modelo de atribuição de bolsas da FCT.

Altura de lembrar, reforçar, discutir para que serve a universidade.

Junto para o efeito estes monumentos indispensáveis:

The idea of a University - John Henry Newman

What are Unversities for? - Geoffrey Boulton and Colin Lucas (2008)

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What are Universities for?

por papinto, em 18.01.14

What Are Universities for (September 2008) by papinto

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Estatutos_ISA2014

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Agricultura Urbana

por papinto, em 08.01.14

Manual Agricultura Urbana

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GMCC13, an impression

por papinto, em 04.01.14

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