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“Verificámos que esta variedade possui maior quantidade de compostos bioactivos. Uma Bravo de Esmolfe contém três vezes mais destes compostos do que a variedade Golden”, afirma Teresa Serra ao Ciência Hoje.
“O que fizemos, em colaboração com a Faculdade de Farmácia, foi dar diferentes variedades de maçãs a ratinhos e descobrir que só a Bravo de Esmolfe conseguiu reduzir os níveis de colesterol nestes animais”, continua a investigadora do IBET.
Os resultados obtidos indicaram que apenas a Bravo de Esmolfe foi capaz de reduzir significativamente todos os biomarcadores estudados, como os valores de triglicéridos, o colesterol total e LDL e as LDL oxidadas.
As conclusões aplicam-se aos ratinhos mas ao transpor as doses para humanos isso corresponde a comer duas a três maçãs Bravo de Esmolfe por dia. “Se uma pessoa comer diariamente a Bravo de Esmolfe pode ter benefícios a nível da saúde cardiovascular”, garante Teresa Serra.
A maçã Bravo de Esmolfe é cultivada em poucos locais na região da Beira Interior de Portugal. “É difícil encontrar esta maçã no supermercado porque tem uma pele muito fininha, basta um toque para oxidar e por isso é difícil de transportar. O que existe é muito caro, daí que tenhamos procurado valorizá-la através das propriedades benéficas que tem para a saúde”, refere a cientista.
“Esperamos que este nosso trabalho tenha um grande impacto a nível do cultivo deste fruto em Portugal, que os agricultores insistam no cultivo desta maçã para que possa chegar ao mercado nacional e internacional em maior quantidade e, consequentemente, influencie positivamente a economia do país”, conclui.
Mais-valia nutricional
Outro fruto português benéfico para a saúde, nomeadamente na prevenção das doenças do envelhecimento como as doenças neurodegenerativas, é a amora silvestre.
Por esse motivo, os cientistas do ITQB tentaram demonstrar o elevado valor nutricional e vários efeitos benéficos na memória e manutenção do estado cognitivo deteriorado com o envelhecimento que estes frutos têm.
Os resultados obtidos mostraram que “espécies de amoras silvestres, nativas de Portugal, em comparação com variedades comerciais representam uma mais-valia para um envelhecimento saudável, já que têm um efeito neuroprotector superior”, afirma Lucélia Tavares.
Verificou-se ainda que os mecanismos responsáveis por esta protecção vão muito para além da actividade antioxidante publicitada neste tipo de alimentos, que durante o processo digestivo é fortemente diminuída. Desta forma, este trabalho contribuiu também para desmistificar a ideia de que a actividade antioxidante dos alimentos é responsável pelos seus benefícios para a saúde.
O potencial nutricional das amoras silvestres identificado neste trabalho visa o aumento do seu consumo pela população portuguesa, bem como a disponibilização de novas espécies com reconhecidas vantagens nutricionais. Assim, os cientistas esperam que o consumidor possa a vir adquirir frutos/nutracêuticos com um elevado valor nutricional verificado cientificamente em modelos celulares, sabendo que este constitui uma mais-valia na prevenção de futuras doenças neurodegenerativas.
“Estas amoras para além da mais-valia nutricional poderão também constituir um produto diferenciado dos demais pequenos frutos, por serem espécies silvestres, que remetem para as memórias de infância e para o ambiente salutar do campo e com chancela 100 por cento portuguesa”, refere Lucélia Tavares.
Por último, estas espécies enquanto endémicas encontram-se bem adaptadas às condições edafo-climáticas portuguesas e ainda a subsistirem em condições de baixos inputs. A sua introdução em cultura permitirá a sua valorização e consequente protecção das espécies; e potencial adaptação a sistemas de cultivo com baixos inputs, um objectivo essencial numa agricultura sustentável de futuro, conclui.