Fonte da Junta de Freguesia da Fajã de Baixo, na ilha de São Miguel, adiantou que durante quatro dias será levado a cabo um «vasto programa comemorativo» para assinalar a efeméride, numa localidade onde, apesar da pressão imobiliária dos últimos anos, a cultura do ananás ainda sobrevive.
De acordo com registos históricos, foi precisamente a 12 de Novembro de 1864 que ocorreu o envio da primeira remessa do fruto rei, produzido na ilha de São Miguel, para a cidade de Londres, uma exportação que de significativa passou a residual ou inexistente com o passar dos anos.
Além da sessão solene de abertura no salão nobre da Junta de Freguesia e do lançamento de um selo comemorativo, decorrerá também a 12 de Novembro, a partir das 18h30, a inauguração de uma exposição, com a reprodução real de uma estufa, exibição de plantas, ananases, utensílios e vestuário utilizado pelos estufeiros.
A mesma fonte adiantou que o segundo dia será dedicado à vertente económica do ananás, estando prevista uma palestra, pelas 20h30 (21h30 em Lisboa), sobre o passado, presente e futuro, tendo como moderador o antigo presidente da junta de freguesia João Carlos Carreiro.
O programa comemorativo inclui, ainda, outra palestra sobre a vertente histórica do ananás, uma sessão de esclarecimento sobre nutrição, degustação de produtos, como licores e doces feitos com ananás, a presença de um chefe que irá preparar no local vários pratos e um concurso para premiar o melhor produtor de ananás.
Para o antigo autarca e estudioso do ananás João Carlos Macedo, que fará a palestra sobre a vertente histórica, mais do que falar em cultura do ananás deveria falar-se em economia do ananás, recordando que o fruto deu origem a empresas importantíssimas na região, como é o caso da Corretora, antigo Banco Micaelense, Carregadores Açorianos, entre outras.
O fruto rei nos Açores continua a ser cultivado de forma totalmente biológica em estufas, essencialmente nos concelhos de Ponta Delgada e Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, sendo que a produção anual é cada vez menor e atinge, actualmente, pouco mais de mil toneladas.
O presidente da Cooperativa Profrutos, Rui Pacheco, referiu, em Setembro, que a exportação do ananás dos Açores corresponde, presentemente, a «quantidades diminutas», sem precisar números.
Além do consumo interno, os principais mercados do ananás açoriano são o nacional e o designado «mercado da saudade», sobretudo Estados Unidos da América e Canadá, onde residem muitos emigrantes açorianos.
O ananás de São Miguel é originário da América do Sul e Central, tendo sido introduzido no arquipélago como planta ornamental em meados do século XIX, enquanto as primeiras explorações de caráter comercial surgiram em 1864.
A produção do ananás desde a toca até ao fruto pronto a colher leva cerca de dois anos.
No Instituto de Inovação Tecnológica dos Açores (INOVA) estão em curso vários estudos para melhorar e reduzir custos de produção do fruto, que tem no abacaxi o seu principal rival comercial.
Entretanto está prevista para 2015 a conclusão do Centro de Interpretação do Ananás de São Miguel, que ficará localizado no edifício onde funcionou a Junta de Freguesia da Fajã de Baixo entre 1940 até 2014 e que antes tinha sido escola. O edifício construído foi construído no final dos anos 20 do século passado.