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Por Marta F. Reis, publicado em 26 Abr 2013 - 03:10 | Actualizado há 13 horas 5 minutos
Marta F. Reis, ionline 26 Abr 2013

Agência Europeia de Patentes distingue pela primeira vez equipa nacional

  • O milagre da cortiça.
    Se soubessem que a boa ideia ia chegar aos Óscares da inovação na Europa - leia-se Prémio Inventor do Ano da Agência Europeia de Patentes - tinham tomado nota do momento preciso do eureka. Assim é preciso dizer em primeiro lugar que o que vai parecer o milagre da multiplicação da cortiça não caiu do céu: são pelo menos 30 anos de estudos em torno desta matéria preciosa, catalisados por um desafio lançado pela corticeira Amorim. Não caiu do céu, mas parece graça divina: os investigadores portugueses conseguiram perceber como fazer uma peça de cortiça render mais 40% em média e no máximo 85%. Isto posto em rolhas dá, por cada dez rolhas, mais umas três ou quatro sem ser preciso esperar que a árvore volte a renovar a casca, processo que demora nove anos e não dura para sempre.
  • Estava-se ainda na década de 1990 e o grupo de Helena Pereira, professora do Instituto Superior de Agronomia (ISA) e vice-reitora da Universidade Técnica de Lisboa, viu-se com uma parceria industrial, movida pelo interesse da corticeira de tornar as suas produções mais rentáveis. “Entre as várias áreas que começámos a investigar surgiu uma ideia relativamente pouco complexa de aumentar o volume dos granulados de cortiça”, explica Helena Pereira, reconhecida a nível internacional pelos trabalhos pioneiros na área da engenheira florestal.

    Apoiada por António Velez, também do ISA e com um doutoramento centrado na química da cortiça, resolveu tentar algo nunca feito. A nível molecular, explica a investigadora, a cortiça tem uma estrutura semelhante à dos favos de mel, com várias células alinhadas. Existe, contudo, uma singularidade: as paredes são curvas, o que ocupa espaço. E se as pudessem endireitar?

    Sem desvendar muito do segredo - afinal estamos a falar de uma tecnologia patenteada a nível internacional desde 2011 -, este alisamento, que aumenta o tamanho das células e consequentemente o volume da peça de cortiça, acabou por se revelar simples de obter. Bastava que a peça contivesse alguma humidade e fosse exposta a microondas, que tratam do resto, como quando se põe uma coisa a aquecer e fica rija. A magia a nível molecular acontece e a nível industrial torna-se ainda mais visível: com as mesmas peças - e há que pensar que um sobreiro até dar cortiça tem de se aguentar 25 anos e depois tem este filho umas 19 vezes até arrumar as botas - torna-se possível fazer muito mais do que até aqui.

    “Até agora só testámos esta operação com granulados, ou seja, os excedentes de peças naturais que são processadas. Mas isso não implica que não possa ser aplicado noutras peças”, explica Helena Pereira.

    Assim, não estamos ainda a falar de multiplicar rolhas naturais, o ex-líbris da cortiça nacional e exigência dos principais produtores de vinho de qualidade. Mas a hipótese não está excluída. Para já, dá para rolhas sintéticas, materiais de revestimento ou peças de mobiliário, entre as inúmeras utilizações de um sector que só na Amorim gera 300 milhões de euros por ano. A nível nacional, as exportações de cortiça e derivados atingiram em 2012 os 845 milhões de euros, um aumento de 10% em relação a 2010.

    O empurrão da indústria A trabalhar para a Amorim desde os anos 90, um dos pontos assentes era que qualquer patente seria propriedade da empresa. Assim aconteceu com esta, que foi concedida pela Agência Europeia de Patentes em 2011 e agora põe pela primeira vez Portugal na short-list para o Prémio Inventor do Ano na categoria Indústria. “Foi uma surpresa, sobretudo numa categoria em que Portugal é ainda menos expressivo”, diz Helena Pereira. A burocracia do processo mas também os custos serão alguns dos factores por detrás da fraca protecção de invenções portuguesas na Europa, considera a investigadora.

    Para contornar as adversidades técnicas e de financiamento e aumentar a cultura de inovação no país, defende Helena Pereira, uma boa relação entre universidades e indústria pode muitas vezes ser a solução. “Não é que não tivéssemos conhecimentos, mas a Amorim lançou--nos um desafio que nos pôs a pensar num problema prático e a querer ir mais longe. Faz tudo falta: a ciência básica mas também a ciência aplicada. E para isso às vezes é preciso um empurrão.”

    Os vencedores do galardão serão conhecidos no dia 28 de Maio numa gala da Agência Europeia de Patentes em Amesterdão. Portugal disputa o prémio na categoria de Indústria com um espanhol que inventou um método para optimizar a condução de comboios e dois austríacos que cunharam um sistema que permite fechar as portas dos armários com maior suavidade. Além do prémio do júri, há uma distinção do público. Para votar basta ir ao site da EPO.

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Cortiça - do montado à rolha

por papinto, em 13.05.12

Cortiça - do montado à rolha
Naturlink

 

 

Alexandra Fonseca Marques, Instituto Superior de Agronomia e Davide Freitas, Associação de Industriais Exportadores de Cortiça

Numa época em que se analisam estratégias de valorização da rolha de cortiça natural face à ameaça das rolhas sintéticas, convidamo-lo a fazer uma viagem pelo processo de transformação da cortiça, desde a sua extracção do sobreiro até à obtenção da rolha.

A principal utilização da cortiça é a produção de rolhas naturais. No entanto, do processo produtivo deste tipo de rolhas resultam vários sub-produtos, que alimentam as indústrias de granulados de cortiça, os quais são a base de inúmeras utilizações, desde a produção de rolhas aglomeradas, rolhas técnicas, rolhas de champanhe até ao fabrico de revestimentos de superfícies, placas isoladoras, juntas, solas de sandálias ou até mesmo na recolha de petróleo derramado. 


 
Classificação da cortiça

A classificação da cortiça está subjacente a todo o seu processo de transformação. Numa primeira fase, essa classificação baseia-se na qualidade e no calibre das pranchas, enquanto que numa fase posterior se centra na qualidade das rolhas.

A qualidade das pranchas é avaliada em 6 classes desde a 6ª até à 1ª, atendendo à porosidade, defeitos, aspecto da barriga e da costa (a costa é a parte mais escura e exterior da prancha) e ao relevo da costa. As pranchas de 1ª qualidade caracterizam-se por uma grande homogeneidade da barriga e costa, menor porosidade, e ausência de defeitos (Gil, 1998). De entre os defeitos da cortiça destacam-se a porosidade excessiva, densidade elevada, deficiência de elasticidade, permeabilidade das membranas celulares, marmoreado, esfoliação, enguiado e mancha amarela (Natividade, 1950).

As rolhas são igualmente qualificadas de acordo com padrões homogéneos definido-se classes que vão da 6.ª até à Extra, passando de modo crescente de qualidade pelas 5.ª, 4.ª, 3.ª, 2.ª, 1.ª e Superior.

O calibre traduz a espessura da prancha, a qual é medida em “linhas” (1linha=2,256 mm). A cortiça com 9 anos de crescimento tem normalmente entre 6 e 24 linhas (13.5 a 54 mm). As classes de calibre são apresentadas na tabela 1. Para a produção de rolhas de cortiça natural são utilizadas as variedades de marca e meia-marca, pelo que serão também estas as que têm maior valorização económica.

Para além das rolhas de cortiça natural são também produzidas no nosso país as rolhas aglomeradas, rolhas de discos e as rolhas técnicas (ou rolhas de champanhe, também designadas por rolhas 1+1, formadas por 2 discos de cortiça natural, das variedades delgada e delgadinha, colocados nos extremos com um corpo aglomerado).


 
 
 
Tabela 1 – Classificação das pranchas de cortiça de acordo com o calibre  

 


Processo produtivo da rolha

O processo de transformação da cortiça para a produção da rolha natural é sintetizado na figura 1. A cortiça é usualmente comercializada em arrobas (1@=15 Kg).

 
Figura 1 – Esquema do processo produtivo da rolha natural

 
 
Extracção da cortiça do sobreiro

A operação de descortiçamento consiste na extracção, normalmente manual, da cortiça dos sobreiros, sendo realizada entre os meses de Maio e Setembro, que correspondem ao seu período de maior crescimento.

A realização do descortiçamento encontra-se regulamentada pelo Decreto Lei N.º 169/2001, que estabelece medidas de protecção ao sobreiro e à azinheira. Segundo este, o primeiro descortiçamento (chamado desbóia) ocorre em sobreiros cujo perímetro do tronco, sobre a casca, medido a 1,30m do solo (pap) exceda os 70 cm e até uma altura máxima de duas vezes esse perímetro. Tal verifica-se por volta dos 18 a 27 anos. A cortiça removida nesta tiragem – cortiça virgem ou branca – é porosa, fendilhada e contorcida, pouco homogénea, pelo que se destina à trituração para a produção dos granulados.

Os descortiçamentos posteriores sucedem-se com um intervalo de pelo menos 9 anos. Assim, do segundo descortiçamento (em sobreiros com cerca de 36 anos), resulta a cortiça secundeira, cujas características morfológicas não são adequadas para a produção de rolhas, destinando-se igualmente à trituração. Neste segundo descortiçamento a altura máxima será de 2,5 vezes o pap.

 
A partir do terceiro descortiçamento obtém-se a cortiça amadia ou de reprodução, que se destina primordialmente ao fabrico das rolhas. A altura de descortiçamento na 3ª tiragem e subsequentes é 3 vezes o pap. Seguem-se cerca de 10-15 ciclos de extracção de cortiça (periodicamente de 9 em 9 anos), geralmente até aos 150 ou 200 anos de idade do sobreiro (Natividade, 1950).

A comercialização da cortiça pode ser feita na árvore ou na pilha, sendo usual após o descortiçamento o empilhamento das pranchas de cortiça removidas. Estas pilhas podem atingir cerca de 50 m de comprimento. 

 

 

Preparação da cortiça

Após a extracção, a cortiça passa por um período de cerca de 6 meses de secagem ao ar, até perder o “verde”, que corresponde a manchas translúcidas devidas à humidade interna da cortiça.

Na fábrica, é sujeita à cozedura em água fervente durante cerca de 1 hora. Esta operação destina-se à desinfecção da cortiça, extracção de substâncias fenólicas (taninos), aumento da sua espessura, melhoria da qualidade e ainda ao aplanar e amaciar das pranchas, tornado-as mais flexíveis para os posteriores tratamentos. Segue-se um novo período de repouso (secagem ao ar) durante 2 a 4 semanas, após o qual se processa o traçamento e selecção das pranchas por classes de qualidade e calibre. O traçamento consiste na remoção dos bordos e fragmentação da prancha caso esta apresente diferentes classes de qualidade ou calibre.

O final do processamento da cortiça nas industrias preparadoras coincide com a constituição dos fardos, usando moldes ou gaiolas metálicas. Os fardos de calibre marca ou meia-marca destinam-se à industria rolheira, enquanto que os de delgada e delgadinha são adquiridos pelas industrias de discos e especialidades. 
 

Produção das rolhas de cortiça natural (transformação por simples corte ou talha)

Já nas instalações da industria rolheira segue-se a rabaneação, que é uma operação manual ou mecânica que consiste no corte das pranchas em tiras, ou rabanadas, a partir das quais se vão vazar as rolhas, numa operação subsequente, designada por brocagem. A espessura da rabanada vai condicionar o diâmetro das rolhas, sendo ainda importante referir que a rolha é brocada no sentido perpendicular ao comprimento da rabanada (sentido do crescimento da cortiça), de modo a que os canais lenticulares fiquem perpendiculares ao comprimento da rolha e portanto ao sentido de vedação (Gil, 1998). No caso da brocagem mecânica é necessária a posterior selecção das rolhas, afim de eliminar as “lenhas ou “cavacos”, ou seja, as rolhas que ficaram mal brocadas.

Seguem-se as operações de rectificação da rolha, nomeadamente o ponçamento, para a correcção do seu diâmetro e o topejamento destinado ao aprumo do comprimento de acordo com o pretendido. Os comprimentos mais usuais são 38, 45, 49 e 54 mm e o diâmetro de 24 mm, para um gargalo de garrafa de cerca de 18 mm. É ainda frequente a realização de operações de escolha das rolhas afim de as separar por classes de qualidade, de acordo com padrões homogéneos, segregando as rolhas com defeitos.

Posteriormente, as rolhas podem ser sujeitas a inúmeros tratamentos complementares, que se iniciam com as lavagens para eliminação de impurezas, o branqueamento com peróxido de hidrogénio e a secagem em estufa. Poderá procede-se a uma nova escolha manual e/ou mecânica das rolhas de acordo com os requisitos estabelecidos com os clientes. É ainda usual a aplicação do revestimento colorido e o tratamento com parafina ou silicone, para facilitar a sua introdução no gargalo das garrafas, assim como a marcação das rolhas, a tinta ou a fogo.

Antes de embalagem dos lotes, deverão ser realizados testes de qualidade e resistência das rolhas, afim de certificar que o lote produzido cumpre o acordado com o cliente.

Fotografias de José Romão

Os sub-produtos, nomeadamente aparas e refugos, são enviados para a industria granuladora, onde são produzidos granulados de diferentes pesos específicos e dimensões, consoante as utilizações pretendidas, através de uma sequência de operações que se inicia com a trituração, seguida da separação granulométrica e densimétrica e posterior ensilagem.

A indústria corticeira tem feito um esforço na normalização dos produtos e na certificação dos processos produtivos, nomeadamente através da certificação pelas ISO 9000 (Certificação da Qualidade), HACCP, e CIPR, Código Internacional das Práticas Rolheiras, criado pelo sector para assegurar as boas práticas no processo produtivo.

Como nota final gostaríamos de destacar que está previsto que em 2005 sejam engarrafadas 25 biliões de garrafas, sendo que 15-17 biliões serão rolhadas com rolha de cortiça natural e 8 biliões com rolhas de cortiça aglomerada (Gil, 2002)

 

As rolhas de cortiça natural são a melhor forma de manter as características do seu vinho inalteráveis. Também, neste caso, o que é Natural é Bom.

 

Alexandra Fonseca Marques alexmarques@isa.utl.pt e Davide Freitasaiecortica@mail.telepac.pt.


Bibliografia citada

Gil, L.M. (1998). Cortiça: Produção, Tecnologia e Aplicação. INETI – Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial

Gil, L.M. (2002). A Rolha de Cortiça e a sua Relação com o Vinho. APFNA.

Natividade, J.V. (1959). Subericultura. Direcção Geral das Florestas.

 

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Alexandra Fonseca Marques, GEGREN – Instituto Superior de Agronomia

 

 Quando se fala no incremento das exportações portuguesas, damos-lhe a conhecer o produto onde Portugal é líder mundial – a cortiça. Como se caracteriza este sector? Qual a sua importância económica? Quais as principais utilizações derivadas da cortiça?

Evolução histórica da industria corticeira

As referências históricas à cortiça como produto de exportação para o Reino Unido e para a Flandres, remontam ao século XIV, utilizada principalmente na construção de flutuadores dos aparelhos de pesca. Durante este período, os povoamentos de sobreiro foram alvo de leis que proibiam o seu corte e restringiam a sua exploração, o que, no entanto, não impediu a redução drástica da área ocupada pela espécie no nosso País (Gil, 1998). No século XVIII, o aparecimento, em Portugal, da rolha de cortiça para o engarrafamento de vinhos e a publicação do primeiro compêndio de subericultura de Fragoso de Sequeira (Natividade, 1950), contribuíram para a valorização dos montados de sobro e da cortiça.

A indústria rolheira em Portugal surgiu em meados do século XIX, inicialmente com pequenas instalações dedicadas ao fabrico manual de rolhas cilíndricas, distribuídas especialmente no Sul do País. Após a 1ª Guerra Mundial, assistiu-se a um grande desenvolvimento da indústria corticeira, com um incremento que chegou aos 10.000 operários por volta de 1930, o que contribuiu para que Portugal assegurasse a liderança da produção mundial de cortiça (Oliveira, 1991, cit. por Gil, 1998). O processo de transformação industrial da cortiça ocorria essencialmente no estrangeiro, em países como os E.U.A., no entanto várias empresas detinham representações no nosso País como centrais de compra da matéria-prima (Gil, 1998).


Actualmente, o nosso País mantém a liderança na produção de cortiça, apresentando uma produção média anual de cerca de 185 mil toneladas, que corresponde a 54% do total mundial, seguido da Espanha com 88 mil toneladas (26%) e da Itália com 20 mil (6%) (Anuário 2000, APCOR & AIEC). Portugal detém ainda a maior capacidade industrial e empresarial do mundo para a transformação da cortiça e exportação dos produtos derivados já transformados, contrariando a tendência de exportação da cortiça em prancha, que caracterizou o início da actividade corticeira em Portugal. Assim, o nosso País transforma cerca de 70% da produção mundial, incluindo uma percentagem substancial de cortiça originária de Espanha. A transformação média anual de cortiça ronda as 150 mil toneladas, das quais se exportam cerca de 120 mil toneladas.
 

Organização actual do sector industrial corticeiro

O desenvolvimento da indústria transformadora de cortiça em Portugal teve lugar em Silves, Évora e Azambuja, e posteriormente no distrito de Setúbal e de Aveiro onde se fixou especialmente a industria rolheira. Este último distrito é o que apresenta actualmente maior número de trabalhadores no sector, cerca de 11 mil, que constituem 73.33% dos 15 mil trabalhadores do sector a nível nacional. Seguido de Setúbal (com 2722 trabalhadores), Faro (com 546) e Évora (com 275). Os trabalhadores da indústria corticeira correspondem a 25% do volume total de emprego no sector florestal (Anuário 2000, APCOR & AIEC).

O processamento industrial da cortiça está dividido em 4 sub-sectores (figura 1), que comportam cerca de 1100 estabelecimentos fabris distribuídos por todo o país. O sub-sector preparador, localizado essencialmente na zona sul do país, comporta cerca de 50 unidades fabris de pequenas dimensões (até 20 operários). O sub-sector transformador é o mais representativo, com cerca de 92% dos estabelecimentos fabris, também com o predomínio de unidades de pequena e média dimensão (até 100 operários). O granulador e aglomerador comporta cerca de 30 estabelecimentos, com predomínio de unidades com média dimensão.


Figura 1 – As actividades da Indústria da Cortiça. Fonte: adaptado de (Gil, 1998)

 

Utilizações e Aplicações da cortiça

Desde a sua origem, a indústria da cortiça está associada à comercialização de vinhos, o que justifica que a rolha (actividade transformadora) seja a principal produção do sector (com cerca de 61% dos produtos fabricados). Ressalta-se ainda que, cerca de 80% da cortiça produzida mundialmente é transformada na Península Ibérica, cabendo mais de 50% a Portugal (Gouveia, 2001). Os desperdícios da produção de rolha constituem a matéria prima dos aglomerados (33%) e dos granulados (3%).

Os produtos derivados da cortiça têm várias utilizações, sintetizadas na figura 2. Ressalta-se que a cortiça natural é utilizada essencialmente na vedação de recipientes, pelo que as outras utilizações recorrem aos granulados e aglomerados puros ou compostos. O principal sector consumidor dos produtos de cortiça é o sector vinícola (cerca de 60%), seguido da construção civil (com 15%) e do sector automóvel (11%).

 
Figura 2 – Utilizações e Aplicações da Cortiça. Fonte: adaptado de (Gouveia, 2001)

Os produtos derivados da cortiça destinam-se, na sua grande maioria, aos mercados externos, registando-se volumes de exportação da ordem dos 90%, dos quais 75% são referentes às rolhas. A exportação destes produtos corresponde a cerca de 3% do total das exportações nacionais (Gouveia, 2001). Os principais mercados de exportação são a França, Alemanha, Espanha, Itália, Reino Unido, e mais recentemente, Austrália, África do Sul e EUA (Anuário 2000, APCOR & AIEC) (figura 3), que são grandes produtores de vinhos de qualidade.

 
Figura 3 – Volume de Exportações (em percentagem) de cortiça de Portugal para os principais países destino, para 1998 e 1999. Fonte: Anuário 2000 (APCOR & AIEC).

Assiste-se actualmente a uma reorganização de todo o sector, com vista a integrar medidas de controlo de qualidade da produção e dos sistemas produtivos, como o Código Internacional das Práticas Rolheiras – CIPR (C.E.Liège, 1997-1999), destinadas a fazer face ás exigências de certificação por parte das caves importadoras de rolhas e à “ameaça” desencadeada pelo aparecimento de produtos sintéticos alternativos. Estas medidas pretendem assegurar a competitividade e liderança do sector nos mercados internacionais.

 
Consumir produtos de cortiça assegura a preservação de um importante ecossistema e contribui para o fomento da indústria nacional.


Alexandra Fonseca Marques (alexmarques@isa.utl.pt)


Bibliografia consultada

APCOR e AIEC (2000). Anuário da Indústria Corticeira Portuguesa 2000.

Gill, L.M. (1998). Cortiça: Produção, Tecnologia e Aplicação. INETI – Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial.

Gouveia, M. (2001). Cortiça: uma indústria tradicional virada para o futuro. Diário Económico 18/6/2001.

Natividade, J.V. (1950). Subericultura. Minist. Econ. – Dir. Ger. Serv. Flor. e Aquícolas. Porto

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Winemakers support cork

por papinto, em 20.03.11

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in: http://www.usu.edu/ust/index.cfm?article=48540

Thursday, Dec. 16, 2010

 

A bull rests in a cork forest

 


A bull rests in a cork forest in Portugal's famed Alentejo region. Environmental, economic and cultural factors threaten the iconic forests. USU ecologist Ron Ryel is working with Portuguese officials and scientists on conservation plans.

Ron Ryel, associate professor in USU's Department of Wildland Resources, was selected for the 2010 Fulbright Specialists Program.

For centuries, humans, wildlife and livestock have co-existed in a synergistic balance that’s allowed the Mediterranean’s unique cork oak forests to thrive. But cultural and economic shifts in recent decades threaten the iconic ecosystem along with wildlife that depend on it for survival.

Utah State University ecologist Ron Ryel is among scientists involved in the formation of conservation plans to preserve Portugal’s imperiled cork oak woodlands. Selected for the 2010 Fulbright Specialists Program, Ryel is working with a team led by the Forest Research Center of Portugal’s Technical University of Lisbon.


“Portugal’s cork oak forests are a great example of a human-managed ecosystem that’s been both sustainable and profitable for generations,” says Ryel, associate professor in USU’s Department of Wildland Resources. “But, due to a variety of factors, that’s changing.”

Ron Ryel

Ecologists often study effects of human use of landscapes, he says. “What’s occurring with Portugal’s cork oak forests is a fascinating study of what happens when people abandon long-practiced uses of a landscape.”

Ancient forests of cork oak (Quercus suber) in Portugal’s Alentejo region produce more than half of the world’s cork supply. The medium-sized evergreens live between 150 to 250 years. Trees can first be harvested for cork, which doesn’t harm the tree, at about 25 years of age. Subsequent harvests, after the bark has regrown, are made at nine to 12 year intervals; about 12 times in the tree’s lifetime.

Used in a variety of ways for thousands of years, cork oak has long been valued for its energy-rich acorns that provide supplemental feed for domestic animals that graze on the trees’ understory plants.

Cork’s most popular application, however, emerged in the early 17th century, when Benedictine monk Dom Pérignon chose it as the perfect stopper for his champagne. Its usage blossomed with the spread of mass-produced glass bottles and bottles of wine produced throughout the world carry this Portuguese souvenir.

These days, however, more and more wine bottles sport a metal screw-top and plastic stopper, if they come in a glass bottle at all, and cork producers fear more vintners will move away from traditional cork.

At the same time, Portugal’s livestock industry, with its accompanying grazing that keeps the montados (cork oak woodlands) free of shrub encroachment, is dwindling.

“As members of the European Union, Portuguese consumers now have access to meat and dairy products that are less expensive than those produced in their own country,” Ryel says.

Declines in both cork and livestock production could lead to sell-off of long-held family farms, followed by abandonment – and no management – of forest stands or clearing of forests for development.

The corresponding decrease in grazing pressure has allowed shrubs such as the white-flowered gum rockrose to flourish in cork oak stands. Shrub encroachment heightens wildfire danger, which threatens trees.

The thick insulating bark of the cork oak allows it some protection from fire and the ability to regenerate quickly after a burn. But an ancient tree is no match for a voracious wildfire fueled by overgrown dry shrubs. Loss of trees can lead to growth of invasive plants and soil erosion.

The decline of cork oak forests also threatens biodiversity. The Alentejo, which means “Beyond the Tejo (River)” in Portuguese, and its neighboring cork oak forests are home to Barbary deer, the black vulture, the Iberian eagle and the endangered Iberian lynx. The woodlands also provide sustenance and protection for millions of migratory birds. 

Ryel, who made one visit to Portugal this past fall and plans at least two more trips during his three-year Fulbright stint, is studying water dynamics in the soil and investigating ways to discourage shrub encroachment.

“Economics is a key element of how landscapes are managed,” he says. “If certain practices are no longer economically viable and are abandoned, how do you deal with the consequences?”

Related Links

USU Department of Wildland Resources
USU College of Natural Resources

Contact: Ron Ryel, ron.ryel@usu.edu, 435-797-8119

Writer: Mary-Ann Muffoletto, maryann.muffoletto@usu.edu, 435-797-3517

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Documentário: "Forest in a Bottle" from EcoLogicalCork.com on Vimeo.

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