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Manual Boas Praticas CAP-LPN Edicao 2013_vr Digital(1) by papinto

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The System of Rice Intensification

por papinto, em 15.12.13
Carlos Aguiar
Esta é uma das mais extraordinárias histórias da agronomia contemporânea.
Em 1983, o Padre Laulanié, um agrónomo jesuita radicado em Madagáscar, acompanhou, por puro acaso, um perigoso contratempo num viveiro de arroz: as sementeiras atrasaram-se e os agricultores foram obrigados a transplantar plântulas de arroz com apenas quinze dias.
Uma contrariedade transformou-se numa fantástica descoberta. Laulanié constatou que plântulas transplantadas com 2-3 folhas são substancialmente mais produtivas que plântulas mais velhas (com mais de 4 folhas).
Além da curiosidade e da perspicácia do inventor, Laulanié tinha uma outra enorme qualidade: a sua "initial technical incompetence and thus absence of conventional ideas".
Seguiram-se em catadupa outras descobertas, e recomendações:
1) Transplantação rápida do arroz (com um pequeno torrão), o mais tardar em 30 min;
2) Plantação a 1-2 cm de profundidade;
3) Plantação espaçada e regular (compasso 25x25 cm) de plantas individuais;
4) Controlo mecânico das infestantes com alfaias simples;
5) Humedecimento diário do solo (antes da floração), intercalando vários períodos (de ca. 4 dias) em que solo não é regado (e seca superficialmente).
E como que por magia, sem variedades melhoradas, sem mais azoto, com menos sementes e um trabalho menos duro, a produtividade aumentou 100 a 250%!
Diz o Padre Laulanié: "many examples are there to show that we need to master production techniques first before calling on to genetics. Improving the management and the methods leads almost always to increased yields, until a ceiling has been reached. At that moment selecting higher performance varieties makes sense, but these will develop their full potential only if the techniques have been totally mastered, so that mastering production techniques ought to be the first step."
Com pouca tecnologia, com um arranjo ali, uma pequena inovação acolá, escapando à armadilha que é o uso maciço de energia fóssil, pode-se aumentar a produtividade e a estabilidade da produção agrícola ... e a qualidade de vida das pessoas.
http://sri.ciifad.cornell.edu/

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ANA GERSCHENFELD 

O nosso nível na cadeia alimentar, numa escala de 1 a 5 que vai das plantas aos grandes predadores, é médio: 2,21. Mas está a aumentar – e temos de travar essa subida para não esgotar os recursos do planeta.

O nível trófico de uma espécie resume, num único número, a composição da sua dieta. E permite perceber as relações predador-presa, bem como o impacto de cada espécie sobre os recursos alimentares do planeta.

Embora o nível trófico da maioria das espécies terrestres e marinhas já fosse conhecido, nunca tinha sido calculado para os seres humanos. Foi o que fizeram agora Sylvain Bonhommeau, do Instituto Francês de Investigação para a Exploração do Mar, e colegas. Para isso, utilizaram os dados relativos ao consumo alimentar humano, entre 1961 e 2009, recolhidos pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em 176 países.

Antes de mais, um pouco de aritmética. O cálculo do nível trófico de uma espécie faz-se da forma seguinte. Na base da cadeia alimentar, no nível 1, estão as plantas. Por isso, explicam os autores do artigo, o nível trófico de uma vaca, que é um herbívoro, é igual a 2: a vaca situa-se, no ranking alimentar, um nível acima das plantas. Já uma espécie cuja dieta é 50% ervas e 50% carne de vaca tem um nível trófico de 2,5: é a média dos níveis tróficos de cada um dos componentes da sua dieta (1,5) mais 1 (por se encontrar um degrau acima de herbívoros como a vaca). Nesta escala global dos que comem e dos que são comidos, os maiores predadores, tais como os ursos polares e as orcas, podem ultrapassar os 5 de nível trófico, salientam os cientistas.

Para a espécie humana, porém, esse cálculo rende uns modestos 2,21. Dito por outras palavras, e ao contrário do que se poderia pensar, os seres humanos não são predadores de topo. A nossa dieta é, de facto, bastante variada – como a dos porcos e a das anchovas peruanas (que se alimentam de fitoplâncton e de zooplâncton). Porém, isso não significa que o nosso impacto no ecossistema seja modesto.

“O nível trófico permite descrever o lugar que uma espécie ocupa no ecossistema a partir do seu regime alimentar – e, de facto, nós posicionamo-nos a um nível bastante baixo na escala alimentar”, disse ao PÚBLICO Sylvain Bonhommeau. “Mas somos tantos que isso nos conduz a uma apropriação importante dos recursos naturais, à qual é ainda preciso acrescentar todos os nossos outros impactos (poluição, alteração dos habitats, etc.).” No total, escrevem os investigadores, os humanos apropriam-se, através da produção de alimentos e do uso dos solos, de 25% da capacidade do planeta para produzir biomassa. É de facto aí que reside o nosso lado predador…

Variações regionais
Contudo, nem todas as partes do mundo são iguais: os investigadores identificaram cinco grandes regiões com evoluções diferentes dos níveis tróficos ao longo das últimas cinco décadas, que reflectem a evolução da situação socioeconómica dos países nelas incluídos. Assim, por exemplo, a Europa do Sul, com níveis que nos anos 1960 rondavam os 2,3 e que têm vindo a aumentar, contrasta com a Europa do Norte, com níveis que rondaram os 2,4 até 1990 e que a seguir começaram a diminuir (na sequência de políticas destinadas a promover dietas mais saudáveis, devido às consequências nefastas para a saúde do excessivo consumo de carne e de gordura animal).

Diga-se que o nível trófico de Portugal passou de pouco mais de 2,3 nos anos 1960 para acima de 2,4 em 2009 (apesar de uma nítida quebra, no final dos anos 1970, aquando do primeiro pedido de assistência financeira ao FMI).

Seja como for, em termos globais, o nível trófico humano global aumentou 3% em 50 anos, implicando, dizem os cientistas, um impacto ambiental cada vez maior do consumo alimentar humano. Ora, isso levanta, segundo eles, a questão de saber qual o nível trófico a não ultrapassar para conseguirmos gerir os recursos alimentares de forma sustentável – a etapa seguinte deste trabalho.

“A seguir, vamos tentar relacionar o nível trófico com a produção primária necessária para alimentar a população humana”, salienta Bonhommeau. “Dessa forma, poderemos desenvolver vários cenários e estimar quais os recursos, em cada um deles, necessários para satisfazer as nossas necessidades.”

Os cientistas ainda não têm números precisos, mas Bonhommeau arrisca uma previsão: “Por enquanto, o nosso nível trófico global é de 2,2, mas os estudos dos nutricionistas mostram que estamos a convergir para uma dieta que contém cerca de 35% de nutrientes de origem animal (carne, gordura, peixe). Isso traduzir-se-ia num nível trófico próximo dos 2,4. Ora, o nosso estudo mostra que, precisamente acima deste último valor, a esperança de vida diminui devido às doenças causadas por uma alimentação demasiado rica em gorduras e proteínas animais.” Talvez seja esse, de facto, o limite a não ultrapassar em caso algum.

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