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Universidade de Évora promove curso durante o verão onde a prática é o principal elemento da formação dos 24 alunos envolvidos.

 

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A floresta, que ocupa mais de um terço do território de Portugal, é fonte de emprego, exportações, vendas, lazer, biodiversidade, sequestro de carbono, protecção do solo, regulação da qualidade da água e do ciclo hídrico. Mas a soma de decisões erradas trouxe como factura os incêndios, atiçados pelo desordenamento. Distribuição das áreas totais por espécie, em 2010 http://static.publico.pt/files/florestaemperigo/img/05_info01.jpgFONTE: MAMAOT; ICNF

 

Floresta, a mina de diamantes de Portugal Poucas coisas têm tanto valor em tão diversas frentes. A floresta tudo dá – gera riqueza, pincela paisagens únicas, alberga um sem-número de vidas, limpa os ares, purifica águas, protege o solo, dá emprego, deslumbra turistas e ainda enriquece a gastronomia. Dá resposta a cada um dos três pilares do desenvolvimento - economia, sociedade e ambiente. A sua evolução entrelaça-se com a de Portugal, nas suas estórias e na sua História. Como o faz no presente e promete no futuro. Portugal tem mais de um terço do seu território coberto com florestas e bosques. Este é um dos maiores e mais importantes recursos naturais do país e tem dado provas disso. Desde sempre. Do fogo, abrigo e alimentação com que protegia as gentes de outrora, à pasta de papel ou à cortiça que hoje alimentam uma fatia importante da economia nacional, a floresta deu o material que levou os portugueses a outras paragens ou que permitiu que a ferrovia assentasse carris pelo país fora. Peso das exportações das principais fileiras florestais nas exportações nacionais http://static.publico.pt/files/florestaemperigo/img/05_info02.jpgFONTE:

Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território

 

Em tempos remotos, eram os Quercus que imperavam. De seu nome comum, os carvalhos, os sobreiros e as azinheiras. Ancestrais são também os castanheiros, as cerejeiras-brava, os loureiros, os teixos, as bétulas, os salgueiros, os amieiros ou os freixos, entre muitos outros. A necessidade de terras aráveis e pastos deu a primeira machadada nessas florestas. Ao longo da História do país, a paisagem sofreu tremendas mudanças, ora porque se abriam clareiras para agricultura e pastagens, ora porque os recursos florestais eram necessários, como foi o caso da navegação ou das traves para os caminhos-de-ferro. No início do século XIX, a floresta já cobria apenas 10% do país. Nesse meio tempo, a floresta alimentou, tanto com as espécies que acolhia como com os seus frutos e bagas, iluminou, aqueceu, abrigou e deu rendimento às famílias. Hoje continua a fazê-lo, embora as protagonistas sejam outras. Uma há que resiste há séculos: o sobreiro, uma espécie de extraordinária generosidade. Nela assenta uma das mais importantes indústrias nacionais, a Amorim, mas o montado é muito mais que cortiça. É paisagem, é biodiversidade, é protecção do solo, é sumidouro de carbono, e mais, muito mais. Como contribuintes para um sector que representa quase 10% das exportações do país e que dá emprego a 1,8% da população activa, outras espécies recém-chegadas ao país alimentam duas das indústrias mais importantes no tecido empresarial português. A mais antiga destas novatas – que pode até nem ser desconhecida no país como referem alguns estudos arqueológicos – é o pinheiro-bravo, campeão das campanhas de florestação do século passado. No Norte e Centro do país acabou por dominar boa parte da paisagem, alimentando serrações, oferecendo a resina cujo uso acabou por cair em desuso e potenciando o aparecimento de uma empresa que hoje é das mais importantes do país – a Sonae Indústria (empresa do grupo que detém o PÚBLICO). Durante anos, liderou a tabela das espécies predominantes no país. Mas é uma espécie hoje em declínio, sobretudo devido aos incêndios que encontram na sua resina um combustível de excelência e na continuidade das plantações o pasto ideal para ganhar velocidade e força. Acabadinho de chegar ao primeiro lugar das árvores com maior presença em Portugal está o tão mal-afamado eucalipto, estrangeiro dos quatro costados e que ainda hoje é visto como uma maldição. Acusado de mil e uma tropelias, o seu maior defeito é o que os homens fazem dele. Ou mais concretamente, onde e como o plantam. Manchas contínuas em locais inapropriados é receita certa para o disparate. Tal como o foi no caso do pinheiro-bravo. Indiferente à terrível fama que carrega, o eucalipto é a base da empresa de capitais portugueses que mais exporta, a Portucel, que só por si assegura cerca de 3% do total de bens exportados e representa perto de 1% do PIB nacional. Silvicultura e indústrias florestais 

 

 

http://static.publico.pt/files/florestaemperigo/img/05_info04.jpgFONTE: Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território

 

Mas se a floresta é de facto fundamental para três das maiores empresas nacionais, assim como outras nos mesmos sectores, a mais-valia económica da floresta não se reduz à equação papel-cortiça-madeira. Há todo um mundo diversificado que tem, como principal vantagem, a oferta de respostas para muitas comunidades que ainda persistem nos meios rurais. Alguns exemplos: o tão suculento porco preto depende da bolota da azinheira, o pinhão está em crescimento, a castanha também assim como o medronho. O mel, os cogumelos ou a caça são outras das oferendas das florestas nacionais. A floresta é também o território de excelência para o turismo, outra das mais produtivas indústrias nacionais. Das paisagens que mudam a cada curva nas serranias do Gerês ou de Montesinho à deslumbrante simplicidade do montado. A riqueza não se esgota aqui, nos empregos, nas exportações, nas vendas, no lazer. Aliás, só agora começa. Não é por acaso que Portugal tem uma das maiores percentagens de território classificado como excepcional a nível europeu. A biodiversidade que a Rede Natura encerra, grande parte inscrita em zonas florestais, é reconhecida como única. Peso da fileira florestal no emprego em percentagem, Março 2012 http://static.publico.pt/files/florestaemperigo/img/05_info05.jpgFONTE: Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território São aves, são plantas, são zonas excepcionais que transformam Portugal num país riquíssimo. A acrescer a já tão grande espólio, acresce o sequestro de carbono, a protecção do solo, a regulação da qualidade da água e do ciclo hídrico. Estamos longe de uma floresta dominada por Quercus, como era no passado. Já passámos pela quase desolação, assistimos às monoculturas e hoje vemos muitas das espécies ancestrais a recuperar terreno. Sofremos com a factura de decisões erradas, como atestam os fogos, naturais no nosso clima, mas agora mais atiçados pelo desordenamento. Já muito se errou, já muito se corrigiu e há ainda muito a aprender. Falamos de um terço do território de Portugal. Da nossa mina de diamantes. Uma floresta sempre em mutação A paisagem florestal nacional que conhecemos tem leves resquícios do que já foi. Para trás, muito para trás, ficou um cenário que hoje apenas visitamos nas ilhas. Depois foram os Quercus, que compuseram o que agora se designa como floresta autóctone. Mas, pela mão do homem, tudo mudou e hoje o passado convive com novos visitantes, uns mais desejados que outros, uns mais nefastos que outros. Eis algumas das espécies do país. No início, há uns 500 milhões de anos atrás, até onde a geologia consegue ajudar a reconstruir a história, algo semelhante a musgos cobria partes do que hoje é Portugal. “As primeiras árvores e as primeiras florestas datam do período geológico do Devónico (409 a 363 milhões de anos antes da actualidade”, explicam Carlos Aguiar e Bruno Pinto, em “Paleo-história e história antiga das florestas de Portugal Continental até à Idade Média”. Depois vieram florestas frondosas e vários grupos de fetos. Estes, assim como as coníferas, serviram de pasto aos dinossauros herbívoros durante o Mesozóico (245 a 65 milhões de anos atrás). Há 20 milhões de anos, era a Laurisilva que cobria grande parte do Península Ibérica. Típica de um clima subtropical húmido, resta hoje apenas uma floresta muito semelhante nos Açores e na Madeira, os dois arquipélagos da Macaronésia nacional. Antes desta, os registos fósseis dão conta de variadas espécies Eram florestas de espécies “de folhas grandes, largas, por norma inteiras (não recortadas), persistentes (duração superior a um ano), sem pelos, rijas, lisas e brilhantes”, descrevem os autores. Pertenciam à família das Lauráceas, como o loureiro, o vinhático, o til ou o barbuzano. Com a última glaciação, explica o botânico Jorge Paiva, da Universidade de Coimbra, o frio destruiu a Laurisilva, deixando no seu lugar um coberto semelhante à actual taiga que existe junto do círculo polar ártico. Até que os ventos começaram a soprar mais quentes e o clima mediterrânico abraçou o território, desencadeando o aparecimento “de um grande número de novas espécies de plantas, muitas das quais adaptadas ao fogo”, referem Carlos Aguiar e Bruno Pinto. Surgem as estevas ou os azambujeiros. Assim como os bosques de folha persistente de Querci, os matos altos, os estevais e plantas aromáticas de calcários. Estando parte do território também sob a influência do clima atlântico, a diversidade das plantas que se adaptam e conquistam novos locais enriquece-se. É o advento das fagáceas, isto é, carvalhos, faias ou castanheiros, acompanhados pelos amieiros, choupos, salgueiros, aveileiras, freixos ou ulmeiros, assim como abetos. Ou seja, começa a formar-se a floresta que agora conhecemos como autóctone, e que teve muitos avanços e recuos, estando hoje a recuperar algum terreno. Enquanto todas estas mudanças ocorriam, um novo habitante surge nestas paisagens, acompanhando, desde a última glaciação, a evolução desta nova floresta. Mais tarde, estes seriam conhecidos como lusitanos. “Os lusitanos eram um povo que vivia desta floresta que lhes fornecia caça, peixe, frutas, farinha de bolota para o pão (não conhecia o trigo), castanha (substituída pela batata após os Descobrimentos) e verduras (veiças). É disto testemunho, o que Estrabão refere ao descrever o povo que os fenícios encontraram (primeira idade do Ferro) neste extremo ocidental europeu (“...três quartas partes do ano alimentam-se sempre com bolotas secas, partidas e esmagadas, com as quais fazem um pão que se conserva muito tempo. Uma espécie de cerveja é a sua bebida ordinária...”). São também testemunho disto, os pães de castanha ou pão dos bosques, a “bola sovada” (falacha) e “pratos relíquias” à base de castanha, como o paparote ou caldulo que ainda se comem em algumas regiões beirãs, e, ainda, alguma “actividade social” baseada na castanha, como, os magustos, estando as brechas (apanha prévia, pela garotada) e os rebuscos (apanha das sobras pelos aldeões de fracos recursos) praticamente em desuso”, conta Jorge Paiva, no texto “A biodiversidade e a história da floresta portuguesa”. Zonas de predominância dos carvalhos http://static.publico.pt/files/florestaemperigo/img/05_info06.jpg Surge a agricultura e a pastorícia e a necessidade de terrenos começa a abrir clareiras na floresta. A grande machadada é dada na altura dos Descobrimentos, quando as necessidades de madeira despem os solos nacionais. Só em carvalhos, terão sido derrubados mais de cinco milhões. Até que a necessidade de reflorestar se torna imperiosa e D. Diniz é nesse esforço cabeça de cartaz. O pinheiro-bravo regressa em força a Portugal – já por aqui teria andado, mas com menor expressão – e desde aí alarga a sua área de implantação até ao clímax atingido no Estado Novo, altura em que se cria um dos maiores pinhais contínuos da Europa. O que alimentou um verdadeiro rastilho para o avanço das chamas que amiúde lavram pelo país, sobretudo desde que as populações deixaram de depender do pinhal e rumaram a outras paragens, procurando melhores condições de vida. A meio do século passado, emerge outra espécie: o eucalipto, vindo da Austrália e Tasmânia. O rendimento que gera ao produtor florestal tornou-o num investimento interessante que levou a que, face à ausência de regras orientadoras, crescesse onde devia e não devia, criando contínuos florestais que, se nada ou pouco geridos, criam um excelente pasto para os incêndios. Erros que o tempo e o conhecimento estão agora a tentar corrigir. Muitas outras espécies chegaram, viram e venceram. Uma entre estas é hoje sinónimo de praga. A acácia mimosa, que a ex-Junta Autónoma de Estradas plantou profusamente país fora, e que muitos colocaram nos seus terrenos como planta ornamental, é uma invasora infestante que obriga a fortes investimentos para erradicar, o que nem sempre é coroado de sucesso. Reproduzindo-se muito facilmente e em muito pouco tempo, formam áreas densamente povoadas que impedem o desenvolvimento da vegetação natural. A floresta portuguesa já muito evoluiu, regrediu, progrediu e transformou-se. Umas vezes conduzida pelas mudanças naturais, outras pela mão do homem. E como qualquer organismo vivo, continua nesse trajecto. Essencial à vida, fonte de riqueza, paleta de algumas das paisagens mais bonitas do país, eis a floresta portuguesa.

 

 

 

 

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"Nunca conseguiremos parar as importações. As pessoas hoje querem ter todo o tipo de fruta durante todo o ano", dizem os produtore

 

O país importou 33% da fruta que consumiu no período 2008/2009 a 2011/2012.

Não há produção suficiente de fruta para satisfazer o apetite dos portugueses, mas em 2011/2012 o grau de auto-suficiência foi o maior desde 2005/2006 e cresceu de 65,2% para 75,1%. De acordo com as Estatísticas Agrícolas de 2012, da responsabilidade do Instituto Nacional de Estatística, recentemente divulgadas, entre 2005 e 2012 a produção nacional conseguiu aumentar em 9,9 pontos percentuais a sua capacidade de abastecimento e atingiu, o ano passado, o melhor desempenho dos últimos sete anos.

"Não me surpreende nada. Ao contrário da actividade económica, a agricultura tem continuado a investir", diz Domingos dos Santos, presidente da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutos e Hortícolas (FNOP), com 43 associados e que representa 70% do total das organizações e agrupamentos do sector hortofrutícola em Portugal. O sector, continua, tem aproveitado os fundos comunitários do Plano de Desenvolvimento Rural (Proder), o instrumento estratégico e financeiro de apoio ao desenvolvimento rural. E esta melhoria na capacidade de auto-suficiência é o resultado de investimentos feitos nos últimos anos.

"Temos aumentado a área de produção e a produtividade por hectare, com novas técnicas de produção, melhoria nos pomares e regas. Estes dados são fruto de um trabalho sustentado ao longo do tempo", continua, destacando a produção de pêssego, nectarina, pêras ou maçãs.

Nas Estatísticas Agrícolas, o INE sublinha que Portugal não é auto-suficiente em frutos e importou, em média, 33% do que consumiu entre 2008/2009 e 2011/2012. "A evolução da produção está muito dependente dos anos agrícolas", lê-se no documento.

Entre 2009 e 2010, a produção aumentou cerca de 12% devido ao crescimento dos chamados frutos frescos (excepto citrinos) que incluem desde ameixa a kiwi ou morangos. Na campanha seguinte, registou-se uma diminuição, mas em 2011/2012 aumentou 14,6%. Ainda assim, este acréscimo não foi suficiente para satisfazer as necessidades de consumo interno. Faltaram 25 pontos percentuais para conseguir a auto-suficiência.

"Nunca conseguiremos parar as importações. As pessoas hoje querem ter todo o tipo de fruta durante todo o ano. Nesta altura, por exemplo, já produzimos pouco morango", diz Domingos dos Santos. Ao mesmo tempo, à medida que aumenta a produção, também há crescimento nas exportações. "Há um volume muito aliciante na pêra-rocha (em média, são 100 mil toneladas exportadas)", continua, adiantando que estão a ser estudadas novas técnicas de conservação a frio para prolongar a validade desta fruta.

A crise tem mudado os padrões de consumo dos portugueses, que se deslocam mais vezes aos supermercados e compram menos quantidade de comida. Na fruta, Domingos dos Santos diz que não se nota uma diminuição das vendas, mas antes um comportamento mais racional e com menos desperdício. "Antes, o consumidor comprava dois quilos de pêras ou laranjas e deixava estragar três ou quatro peças em casa. Agora, vai mais vezes e compra menos de cada vez. Tudo o que compra é para consumir", resume.

Quanto ao grau de aprovisionamento de outros produtos agrícolas, há um caminho longo a percorrer. Na carne, os portugueses precisavam de 1113 mil toneladas para satisfazer a procura (2012) e, entre 2009 e 2012, a produção nacional atingiu apenas 73% dessa quantidade. Nos cereais, é conhecida a diminuta capacidade de produção, que apenas chega para 20,8% das necessidades. Na batata, apenas se produz 44% do consumo interno.

Contudo, há outros sectores onde o cenário é o oposto. No leite, Portugal foi excendentário em 2011 (105,3%, o último dado indicado pelo INE). No arroz em casca, a produção também ultrapassa as necessidades internas (103,4%) em 2012, mas no arroz branqueado fica nos 97% - cada português consome, em média, 16 quilos de arroz por ano. O vinho ultrapassa os 100% (104,2%).

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