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Ministério da Ciência anuncia iniciativa para o desenvolvimento da História da Ciência em Portugal

 

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) anuncia uma iniciativa estratégica para o desenvolvimento da História da Ciência em Portugal compreendendo a preservação, classificação e estudo de acervos documentais e arquivos de Ciência, a formação avançada, em Portugal e em instituições estrangeiras, de novos investigadores, assim como o reforço e articulação em rede de grupos e instituições científicas e o desenvolvimento de programas de investigação.
 
A História da Ciência é uma componente fundamental do próprio desenvolvimento da Ciência. O nível científico já alcançado em Portugal exige, para se ampliar e consolidar, um conhecimento sistemático do nosso próprio desenvolvimento científico e tecnológico e das suas condições históricas.
 
As próximas comemorações do Centenário da República reforçam ainda a oportunidade desta iniciativa. O MCTES entende assim propor o desenvolvimento de um programa específico focado no desenvolvimento da Ciência em Portugal nos últimos cem anos (100 anos de República, 100 anos de Ciência).
 
Esta iniciativa dirige-se aos investigadores, instituições científicas e universidades, assim como a todas as outras entidades relevantes. Um Encontro Nacional de História da Ciência em Portugal, a realizar em Julho de 2009, marcará o seu arranque público.
 
 
 
 
 
MCTES/ 31 de Janeiro de 2009

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PÚBLICO
30.01.2009

O reitor da Universidade de Coimbra, Seabra Santos, afirmou ontem haver "vontade política de estrangular" o ensino superior quando as universidades são "afogadas" com tentativas de reforma num "enquadramento financeiro incompreensivelmente difícil". Na Universidade de Coimbra, onde intervinha sobre a reforma de Bolonha, o reitor lamentou que as instituições estejam a ser "afogadas em catadupa com tentativas de reformas, algumas delas já concretizadas", mas com "um enquadramento financeiro incompreensivelmente difícil".
"Não há outra explicação que a vontade política de estrangular o sistema. Não há outra razão plausível", avaliou o também presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.
Em seu entender, as reformas deveriam ser acompanhadas por "envelopes financeiros que as tornassem mais eficazes, como acontece noutros países". Nos últimos quatro anos, as instituições perderam cerca de 30 por cento do financiamento do Orçamento do Estado.
"Há-de haver um Governo que há-de olhar para este problema com outros olhos e perceber que assim não consegue desenvolver o país e a economia, e esta questão é particularmente crítica no momento que estamos a atravessar, da crise em que nos encontramos", alertou.
Para Seabra Santos, é incoerente a política do Governo de investir em ciência e desinvestir no ensino superior, que na sua opinião é que sustenta o desenvolvimento científico. Lusa
 

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Cartas ao director, Público, 090128

Não sei que qualificação académica possui o investigador Luís Fernandes. Eu cá, sou apenas licenciado pela Faculdade de Medicina da UP, assistente de Microbiologia da mesma Faculdade, aposentado. Não sei se percebi bem a ideia que desenvolve no PÚBLICO de ontem, 27/01.
Será que, pelo medo da submissão ao sistema científico anglo-americano, se propõe publicar os seus trabalhos de investigação em português, ou mirandês?!... Claro que ninguém o vai proibir. Mas, obviamente, também "ninguém" o vai ler... Dir-me-á que as avaliações dessas tais entidades internacionais estão, ou poderão estar enviesadas, sabe-se lá por que factores ou preconceitos... Mas, isso acontece com tudo! Porque será que um escritor só ganha o estatuto de "grande" quando consegue ver as suas obras traduzidas nos idiomas com mais falantes? Obviamente porque, desse modo, consegue maior divulgação. Porque consegue, assim, mais leitores. Ora, com a investigação o princípio é o mesmo; digamos que, em sentido inverso. O cientista, seja polaco, grego ou português, só consegue divulgar o seu trabalho se conseguir que os editores das revistas escritas no "idioma científico" mais universal, que é o inglês, quer queiramos quer não, o avaliar como relevante... É o que vai acontecer com esta minha Carta ao Director: só será publicada se, quem a ler, na redacção do jornal, achar que tem alguma pertinência...
Provavelmente na Alemanha, na Rússia, na China e na Índia, publicam-se grandes revistas científicas, eventualmente com grandes tiragens, mas... quem as lê, do chamado mundo ocidental?... Obviamente, só se se submeterem à tal ditadura da língua anglo-americana. Aliás, se alargarmos o horizonte desta reflexão, ninguém está impedido de continuar a comunicar por Morse... mas a Internet é muito mais eficaz!
Passos Gonçalves
Médico - Barcelos
 

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O American Way of Science

por papinto, em 27.01.09

PÚBLICO 27.01.2009, Luís Fernandes

 

 

O apelo à internacionalização dos cientistas equivale, na prática, à submissão ao sistema científico anglo-americano

 

 

Écomum ver hoje designadas as nossas sociedades como "sociedades do conhecimento". A produção e a difusão de saber científico são aspectos-chave do funcionamento deste tipo de sociedades, o que confere às suas comunidades científicas um papel estratégico. É por isso que, com regularidade, os governos reafirmam ritualmente o seu investimento na sociedade do conhecimento em geral - veja-se o caso recente do já famoso computador Magalhães - e no sector científico em particular. Ora, a Fundação para a Ciência e Tecnologia tornou públicas, no final do ano passado, as classificações dos centros de investigação que financia.
Não pretendemos pôr em causa a necessidade de avaliar as estruturas da investigação científica ou, sequer, colocar em causa a idoneidade e a isenção do processo que foi levado a cabo. Visa-se, apenas, reflectir sobre o modo como tende a ajuizar-se hoje o trabalho de quem se dedica profissionalmente à ciência, procurando mostrar como este juízo responde a um sistema de regras, nem sempre claramente explicitadas, que relevam de factores extracientíficos. O nosso ângulo de análise é elaborado a partir das ciências sociais e humanas, admitindo por isso que, para outros sectores da divisão das ciências, as questões possam não ser colocadas, em relação a alguns aspectos, do mesmo modo.
As investigações norte-americana e inglesa têm vindo a adquirir progressiva influência no sistema científico internacional, convertendo-se numa verdadeira dominação. É próprio dos sistemas de dominação um traço etnocentrista: são melhores do que os outros, como o demonstra o facto de dominarem, e, portanto, consideram-se, por uma espécie de direito natural, investidos da incumbência de ditarem aos outros um conjunto de regras. E é próprio dos dominados acabarem por incorporar essas regras, de tal modo que passam a achar que são naturalmente suas. No caso vertente, elas ditam aquilo que deve ser investigado, o formato em que devem decorrer os certames de especialistas, em que órgãos da comunicação da ciência devem ser publicados os resultados e em que língua os investigadores devem expressar-se - o que decorre naturalmente do idioma dos países desses órgãos.
As línguas inglesa e, em menor grau, francesa são os instrumentos de afirmação da hegemonia. Sabemos como os sistemas de controlo apostam na vigilância das linguagens e das línguas - a hegemonia exprime-se numa linguagem positivista e na língua inglesa.
Todo o sistema de dominação que não se impõe pela força, mas pela subtileza, tende progressivamente a ser incorporado como natural. É por isso que as gerações de investigadores mais jovens, aculturadas no circuito de congressos internacionais e nos circuitos virtuais da net, onde o inglês é o veículo, não sentem isto como dominação, mas como proficiência - é-se tanto mais competitivo e, portanto, num sistema marcado por uma competição desenfreada, tanto melhor cientista quanto mais e melhor se falar e escrever em linguagem positivista e em língua inglesa.
Note-se que ainda há poucas décadas esta ditadura da língua pendia para o francês. E sabemos dos esforços que a França faz para se manter como língua internacional da ciência, numa consciência clara da perda de influência que a sua desvalorização acarreta - porque uma língua não é só um veículo, é um sistema de pensamento, é constitutiva de uma cultura.
Enfim, o sistema internacional são meia dúzia de países, uma linguagem e duas línguas. Para os avaliadores da FCT, não conta publicar um artigo numa revista brasileira ou espanhola? E polaca ou grega? Os polacos ou os gregos não conseguem fazer uma revista científica que valha pontos? Quando fazemos investigação solicitada e financiada por instituições portuguesas, devemos escrever os relatórios em inglês? E, se a problemática for pouco interessante para os norte-americanos, por razões da nossa especificidade sociocultural, não podendo publicá-la nesses países, esta investigação não vale pontos? Publicá-la aqui não serve para nada? Então a produção de saber não deve ser utilizada pela comunidade a que diz respeito? Não visa agir na nossa realidade próxima? E, se publicar aqui não vale nada, como pode algum dia chegar-se a ter uma boa revista científica?
Portanto, o justo apelo que é feito aos cientistas para se internacionalizarem - o que, nas regras do jogo científico, é não só sensato como indispensável - equivale, na prática, à submissão ao sistema científico anglo-americano. Publicando nas revistas que, neste sistema, são consideradas de qualidade, estamos internacionalizados. E são estas que lemos, são estas que pomos os nossos alunos a ler e é nestas que alguns deles algum dia publicarão - fechando-se assim o círculo da dominação, que a reforça e, no limite, a hegemoniza, tornando-a indiscutida e indiscutível. Foi este o mecanismo pelo qual uma série de países alimentou o sistema financeiro liderado pelos EUA convertido em tentativa de hegemonia neoliberal e cujo círculo acaba de romper-se.
Se esta dominação se verificasse a outros níveis, desqualificando tudo o que se passasse noutras latitudes que não a do eixo anglo-americano e, em menor escala, francófono, esses países seriam acusados de imperialistas e de praticarem a discriminação.
Como podem pessoas que pertencem à nossa cúpula intelectual, como são os membros da comunidade científica, não se darem conta de que estão a ser alinhados por uma mão adestradora que é, em particular no caso das ciências sociais e humanas, exterior à sua lógica de produção e difusão do conhecimento?
Como não se dão conta de que estão a ser infantilizados em interrogatórios de senhores que vêm, por meia dúzia de dias, ao nosso país constituir um júri desfasado da nossa realidade e incapaz de ler, sequer, o melhor da nossa produção porque este não está, as mais das vezes, nas línguas deles?
Que fazemos do pensamento crítico, que devíamos ter tão treinado?
Como somos tão complexos e críticos para umas coisas e tão simplórios e amorfos para outras?
Fiquemo-nos, para já, com estas questões, enquanto não chega o próximo júri internacional convidado pela FCT e não nos ajoelhamos de novo, prontos para o exame de consciência científica... Investigador
 

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Inovação: Portugal apresenta 3 projectos no âmbito da EUREKA

Portugal apresenta esta semana para aprovação no âmbito da EUREKA três projectos nas áreas da água e da agricultura e propõe, como caso de sucesso, um outro relacionado com a produção de arroz.

Diário Digital 27 de Janeiro de 2009

«Temos três projectos que vão ser incluídos no lote dos que estão para aprovação, um na área da água e dois na agricultura que também é uma área que tem tido grande apetência por parte das instituições portuguesas«, disse o presidente dos Representantes de Alto Nível da Presidência Portuguesa da EUREKA, que decorre até Junho deste ano.

Manuel Nunes da Ponte falava à agência Lusa à margem da segunda reunião da Presidência Portuguesa da EUREKA que decorre esta semana, em Sines, organizada pela Agência da Inovação (ADI) e com o apoio da Câmara Municipal de Sines.

Um dos projectos que Portugal propõe agora à EUREKA está relacionado com a alimentação de suínos, de forma a maximizar as suas qualidades, num investimento de 2,44 milhões de euros e será desenvolvido conjuntamente com Espanha, cuja contribuição será de 65 por cento, a que se junta a portuguesa de 35 por cento.

Caso sejam aprovados, os dois outros projectos vão incluir Portugal em duas redes diferentes.

Uma das redes visa a aprovação de um cluster da água, com vários parceiros, incluindo a União Europeia e países como a Israel e a Turquia, representando um investimento de mais de mil milhões de euros.

A segunda rede insere-se no sector agro-alimentar e tem como objectivo aumentar a sua competitividade através do desenvolvimento de produtos e processos inovadores assim como de novas tecnologias, envolvendo 14 países.

Em declarações à agência Lusa, o responsável nacional pela área do Euroagri da EUREKA, João Santos Silva, sublinhou a importância de um projecto na área da gestão integrada do controlo de pragas na produção de arroz para consumo, sem recorrer a químicos.

João Santos Silva adiantou que este projecto, implementado há alguns anos, vai ser proposto como um caso de sucesso. Portugal teve uma contribuição de 45 por cento neste projecto, acrescentou.

«Este projecto fez com que se passasse de algum cepticismo relativamente a Portugal nesta área para uma imagem de referência mundial em arroz armazenado. Permitiu uma produção de arroz de melhor qualidade, a preços mais baixos, mas sobretudo a transferência de tecnologia e conhecimento«, defendeu o responsável.

João Santos Silva destacou o caso dos EUA que começaram por ser observadores do projecto, mas rapidamente optaram por participar, recorrendo aos conhecimentos e tecnologias portuguesas.

O projecto teve como participantes portugueses o Instituto de Investigação Científica Tropical, a Saludães Produtos Alimentares, a Sociedade Europeia de Arroz (SEAR) e a Aparroz Agrupamento de Produtores do Vale do Sado.

Manuel Nunes da Ponte sublinhou ainda a criação no âmbito da Presidência Portuguesa da EUREKA de um novo programa -Eurostars- que é um projecto de financiamento conjunto com a União Europeia.

«Tal como a EUREKA, há uma estratégia de bottom-up em que são as empresas que decidem as áreas que querem desenvolver. Neste caso, os projectos, quando são aprovados, e para além do financiamenro dado pelos governos dos vários países, contam ainda com uma percentagem de financiamento da Comissão Europeia«, explicou o responsável. O Eurostars é dirigido sobretudo às PME com qualificações para fazer investigação.

«Na primeira chamada aprovamos 60 projectos, sete dos quais portugueses, na segunda chamada, que está em avaliação, temos 18 projectos com participação portuguesa«, acrescentou.

Cerca de 150 representantes de 38 países europeus participam hoje, em Sines, na segunda reunião de trabalho no âmbito da presidência portuguesa da Iniciativa EUREKA, tendo em vista novas formas de cooperação entre empresas, instituições de investigação e desenvolvimento e universidades.

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Árvore caída no Jardim da Parada

por papinto, em 26.01.09

 

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Público, 25.01.2009, Alexandra Campos
 

Primeiro-ministro José Sócrates garante que crise não vai afectar investimento na ciência


Foi um fórum inteiramente dedicado a sublinhar os "impressionantes" resultados alcançados nos últimos anos no domínio da ciência em Portugal. O primeiro-ministro e o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior bateram na mesma tecla, sublinhando que Portugal tem hoje cinco investigadores a tempo inteiro por cada mil pessoas a trabalhar, perto já da média da União Europeia (5,5 por mil). Notaram também que a despesa na ciência já ultrapassou um por cento do Produto Interno Bruto (foi 1,18 por cento em 2007).
"O atraso científico está superado", considerou, triunfante, o ministro Mariano Gago. Mas defendeu que, depois de o número de investigadores na população activa ter duplicado em apenas dez anos, é preciso agora enfrentar os novos problemas.
Problemas que têm a ver com o desenvolvimento e a competição a nível internacional e que obrigam a que se passe a privilegiar o financiamento de grandes infra-estruturas e consórcios e de projectos estratégicos de investigação: "Vamos ter de mudar de escala".
No encerramento do fórum Novas Fronteiras da Ciência e do Conhecimento, na Alfândega do Porto, perante uma sala repleta de socialistas, José Sócrates destacou outra prova desta "impressionante" evolução - a passagem de Portugal do 22.º para o 17.º lugar de um ranking de países com capacidade inovadora: "Mas o mais importante é que mudamos de escalão. Abandonámos o grupo dos países catching up [a recuperar do atraso] e passamos a integrar o conjunto dos países moderadamente inovadores".
Jean-Pierre Contzen, que presidiu à Comissão Internacional da Reforma dos Laboratórios de Estado em Portugal, também sublinhou o avanço português neste domínio: "Portugal fez tanto quanto a Rússia e a China e mais do que a Índia". Contzen lembrou contudo que é necessário agora rever as necessidades de infra-estruturas científicas do país, e avisou que o Governo não deve cortar na despesa em investigação e desenvolvimento devido à crise. Um apelo a que Sócrates se mostrou sensível. "Quem não investe em ciência fica para trás." O primeiro-ministro assegurou que Portugal vai continuar a apostar no desenvolvimento científico, apesar da crise. "Não podemos abandonar a visão de médio e longo prazo."
 

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O Grupo Europeu de Ética reuniu-se hoje com Mariann Fischer Boel, Membro da Comissão responsável pela Agricultura e pelo Desenvolvimento Rural, para apresentar as principais recomendações constantes do seu parecer sobre as questões éticas resultantes da evolução recente das tecnologias agrícolas.

LOGO European Group on Ethics

O Grupo Europeu de Ética adoptou, em Dezembro, o parecer que lhe foi solicitado pelo Presidente Durão Barroso sobre as questões éticas resultantes da evolução que se está a verificar nas tecnologias agrícolas, na perspectiva dos novos desafios e oportunidades que a agricultura europeia tem pela frente. O grupo decidiu centrar-se essencialmente nas tecnologias e métodos agrícolas destinados à produção primária de bens alimentares de origem vegetal.

Nesse parecer, o grupo mostra-se consciente da necessidade de promover a inovação na agricultura para que seja possível alimentar uma população mundial em crescimento. O parecer acrescenta que as tecnologias não podem, por si sós, fornecer soluções definitivas para os desafios que a agricultura moderna enfrenta na União Europeia e a nível mundial.

O Grupo Europeu de Ética sublinhou a necessidade de se adoptar uma visão e uma abordagem integradas das tecnologias agrícolas, para que, ao avaliarem-se as implicações éticas das novas tecnologias, os processos de produção, armazenagem e distribuição sejam tomados em consideração no seu conjunto. Os objectivos de 1) segurança alimentar, 2) segurança dos alimentos e 3) sustentabilidade foram considerados primeiras prioridades de todas as tecnologias agrícolas e os princípios orientadores por que estas se devem pautar.

Com base neste quadro ético, o grupo formulou igualmente recomendações sobre uma grande variedade de questões: revisão da política agrícola comum da União Europeia e avaliação do impacto tecnológico das tecnologias agrícolas; direito à alimentação; sustentabilidade das tecnologias agrícolas; segurança dos alimentos; biodiversidade agrícola; protecção dos solos e das águas; biocombustíveis; cultivo de OGM; investigação nas ciências agronómicas; definição das políticas de cultivo; comércio mundial de produtos agrícolas; sistema de direitos de propriedade intelectual; concorrência leal e «monopólios verticais»; preços dos bens alimentares; aspectos sociais; participação pública; responsabilidade dos cidadãos comunitários; desperdício de bens alimentares, etc.

Contexto

O Grupo Europeu de Ética é uma instância independente, pluralista e multidisciplinar constituída por quinze peritos nomeados pela Comissão para a emissão de pareceres sobre questões éticas.

O parecer adoptado, a versão integral do comunicado de imprensa e a lista de membros do grupo estão disponíveis no sítio Web http://ec.europa.eu/european_group_ethics/index_en.htm.

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20 de Janeiro, AgroPortal

Indústria Fitofarmacêutica anseia por mais e melhor ciência na sequência do apoio da maioria do Parlamento Europeu ao pacote legislativo dos pesticidas em discussão. O Parlamento votou a favor do acordo tripartido (Conselho Europeu; Comissão Europeia e Parlamento Europeu) na regulamentação sobre a autorização dos produtos fitofarmacêuticos e na Directiva do Uso Sustentável dos Pesticidas.

“A ANIPLA recebeu com agrado a notícia do bom acolhimento de algumas das posições que defendeu durante o processo de elaboração desta nova legislação. O facto de termos debatido as mesmas com associações de agricultores e com determinadas áreas da fileira agro-alimentar levou-nos a conhecer melhor as situações reais, dando mais força aos nossos argumentos” afirma Engº António Saraiva, Presidente da Anipla.

O pacote legislativo deve agora ser oficialmente adoptado pelo Conselho antes de ser publicado no jornal oficial da UE. A implementação definitiva da legislação a nível nacional é esperada para a segunda metade de 2010.

“Assim que o processo estiver na fase de implementação, a Indústria Fitofarmacêutica pretende ajudar a certificar de que o mesmo será baseado em factos e não em medos” disse Friedhelm Schmider, director-geral da Associação Europeia da Indústria Fitofarmacêutica - “Esperamos estar agora a deixar para trás um período de reivindicações sensacionalistas e que a aplicação desta legislação seja dotada de um grande cuidado e da diligência devida.”

O voto na legislação a respeito da colocação de produtos fitofarmacêuticos no mercado

Os produtos fitofarmacêuticos são utilizados no combate a insectos, fungos, doenças e infestantes em todas as formas de agricultura, incluindo a agricultura biológica. São essenciais para produzir e assegurar o fornecimento de alimentos. Os critérios de exclusão de determinadas substâncias activas, previstos nesta regulamentação, representam a maior preocupação da Indústria Fitofarmacêutica e de toda a cadeia de produção alimentar. Os agricultores europeus já perderam 60% das substâncias activas existentes na anterior avaliação realizada em 1991.

Levanta-se agora a questão sobre que perdas adicionais se encontram previstas na gama de produtos que os agricultores dispõem para o combate a doenças e pragas, assim como para a produção de alimentos em toda a Europa, resultante desta legislação. De certa forma, a perda de algumas substâncias mais úteis, sem uma base racional e científica, poderia ter sido evitada neste último passo.

A Indústria trabalhará em conjunto com os legisladores europeus e com os seus parceiros da fileira alimentar de forma a assegurar uma implementação sensata das restantes áreas em discussão. Até agora, as tomadas de decisão têm acontecido sem que tenha sido feita uma avaliação detalhada do seu impacto, o que teria sido muito útil para garantir que os próximos passos serão os certos para um fornecimento seguro de alimentos em toda a Europa.

Enquanto a adopção dos critérios de exclusão continua a ser a grande preocupação da Indústria, existem outras áreas da nova legislação, para as quais a Indústria pede atenção, tais como as regras de importações paralelas e autorizações provisórias a nível nacional.

O voto na Directiva do Uso Sustentável de Pesticidas

Esta legislação é bem-vinda pela Indústria pois formaliza o seu, já antigo, compromisso na utilização ambientalmente segura e eficaz dos produtos fitofarmacêuticos. A redução do risco é a chave para manter a utilização sustentável dos pesticidas, e todas as acções conducentes a este objectivo devem ser ambientalmente e economicamente viáveis, tornando a agricultura sustentável e a produção alimentar segura em toda a Europa.

A Indústria Europeia aplaude a implementação de actividades que contribuam para este objectivo, tais como a inspecção regular do equipamento, a formação dos utilizadores e a adopção de métodos de protecção integrada. Entende ainda que as medidas devam ser adaptadas de acordo com as diferentes necessidades nacionais.

Segundo Engº António Saraiva - “Muito do trabalho desenvolvido nos últimos anos pela ANIPLA conjuntamente com as autoridades nacionais e outras associações do sector tem sido inspirado nesta regulamentação e tem tentado antecipar as mudanças previstas com a sua implementação. Recordo o decreto-Lei 173/2005, para a redução do risco na distribuição, venda e aplicação dos produtos fitofarmacêuticos, a criação do sistema de recolha de embalagens vazias de pesticidas – Valorfito – e o projecto “Cultivar a Segurança” – sobre Segurança na Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos”.

A Indústria tem uma posição firme em relação ao facto de que a redução arbitrária na utilização não é um meio apropriado de redução do risco, nem uma garantia de práticas sustentáveis. De facto, não existe uma relação directa entre a quantidade de produtos utilizados (medidos em quantidade total ou número de tratamentos) e o risco envolvido. É crucial que esta perspectiva seja considerada quando forem estabelecidos os Planos de Acção Nacionais sobre o uso sustentável de pesticidas.

20 de Janeiro de 2009

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Público, 20.01.2009, Natália Faria

 

São aborrecidas, ineficazes e caras.

As reuniões de trabalho consomem cada vez mais tempo em Portugal: cerca de seis horas por semana, segundo os especialistas.

Mas há truques para que corram melhor - mudar o formato da mesa, obrigar os retardatários a permanecer de pé, proibir telemóveis

Uma empresa do sector automóvel decidiu obrigar cada pessoa que chegasse atrasada a depositar um euro num porquinho mealheiro existente na sala de reuniões. E de nada valia ao retardatário desculpar-se com o trânsito caótico, as dificuldades no estacionamento ou, na versão mais genérica mas igualmente popular, com "problemas urgentes de última hora". Em pouco tempo, o mealheiro deixou de ser necessário porque as pessoas se habituaram a chegar a horas.

Mas por que é toda a gente gasta tanto tempo em reuniões? São mesmo um mal necessário para que o trabalho avance ou transformaram-se numa espécie de doença crónica que não mata mas vai minando o desempenho das empresas?

Em Portugal, gasta-se mais tempo em reuniões do que a média da União Europeia, que é de quatro horas e meia por semana.

"A minha experiência como consultor e formador diz-me que gastamos à volta de seis horas por semana", calcula Pedro Mendonça, consultor na área do Comportamento Organizacional e professor no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa.

"A maioria destas reuniões são como as palas de D. Afonso Henriques: chatas e compridas", acrescenta.

Há formas de conferir maior eficácia às reuniões, além do porquinho mealheiro: os objectos que estão na sala, quem paga os cafés, o tipo de cadeiras e o formato da mesa, a hora do dia a que se realizam, tudo isto pode influenciar.

"Ou colocar uma cadeira a menos na sala para que quem chegue atrasado seja obrigado a permanecer de pé?", sugere ainda Pedro Mendonça no capítulo das penalidades.

Proibir os telemóveis também é meio caminho andado para evitar que uma reunião se prolongue demasiado. Outra regra é nunca fazer uma reunião que se prolongue para lá de 1h30. "Ao fim de uma hora e meia já não temos posição na cadeira. Isto tem a ver com o ritmo cerebral humano."

Marcar uma reunião para as 10h15 em vez de para as 10h00 também parece incentivar a pontualidade. Por outro lado, as reuniões não devem ser marcadas para o meio da manhã ou para o meio da tarde porque, nestes casos, a tendência é para se prolongarem. Do mesmo modo, acrescenta Mendonça, "as cadeiras não devem ser demasiado confortáveis". A sala deve ter um relógio, "de preferência com o cronómetro usado no básquete a contar o tempo que falta".

O formato das mesas de reunião também influencia. O ideal é que sejam redondas, para que todos se sintam em pé de igualdade. Claro que "se o líder for autocrático, não é pelo facto de a mesa ser redonda e não rectangular que este vai deixar de o ser", nota Arménio Rego, autor do livro Liderança de Reuniões. Este professor universitário acrescenta outras regras para que a reunião seja eficaz. "É fundamental que quem lidera uma reunião a prepare e crie condições para que os que vão participar se preparem também", isto é, "não faz sentido libertar documentos numa reunião para que sejam lidos na hora". Outro mandamento a seguir religiosamente é alimentar a divergência. E nunca, mas nunca, matar o mensageiro das más notícias. "Se as pessoas sentirem que, ao transmitir uma má notícia ou uma informação menos agradável, vão ser penalizadas, passam a dizer apenas aquilo que os outros querem ouvir". Dentro da mesma lógica, "o líder não deve expor a sua opinião com ênfase logo no início, de maneira a que as pessoas não se sintam pressionadas a concordar com ele". Por enquanto, na maior parte das organizações, a maneira mais eficaz de pôr uma pessoa a revirar os olhos de enfado é convocá-la para uma reunião. E isso nem é um problema nacional porque, nos Estados Unidos, o ódio às reuniões cresceu de tal forma que a cadeia CBC Radio até fez um fórum cuja pergunta de partida era "Do you hate work meetings?"

O jornal económico Financial Times também publicou recentemente um artigo sobre "a praga" das reuniões, questionando logo à cabeça: "Será que alguém ainda vai a uma reunião com entusiasmo? Ou a maioria das pessoas limita-se a resmungar, antecipando mais um encontro burocrático e aborrecido numa sala com pouco oxigénio?" O director executivo de uma empresa norte-americana sintetizou a ideia do artigo numa frase. "Sempre achei as reuniões improdutivas e aborrecidas e, por vezes, mesmo tóxicas e destrutivas. Os lambe-botas dão graxa e todos os outros desperdiçam o seu tempo." Claro que não tem que ser assim.

Uma reunião, diz Miguel Pina e Cunha, professor associado na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, pode ser "uma óptima forma de divulgar informação e de criar conhecimento numa empresa". Desde que, claro, a mesma tenha sido planeada, conte com as pessoas certas e tenha horas para começar e horas para acabar. Demasiadas reuniões O problema é que da teoria à prática vai uma distância que daria para alimentar, digamos... muitas reuniões.

"Em Portugal reúne-se demasiado e durante demasiado tempo", diagnostica Arménio Rego, para quem "é fácil tomar algumas decisões, ou pelo menos divulgar algumas informações, através de correio electrónico, sem obrigar as pessoas a despender uma hora ou mais". E isto numa previsão optimista porque a regra, entre os portugueses, é que as reuniões nunca comecem a tempo e se prolonguem para lá do previsto. "Muitas reuniões fazem-se porque as pessoas gostam de socializar. Isso é um bocadinho português, enquanto numa cultura como a norte-americana está muito vincada a ideia de que time is money", acrescenta este professor na Universidade de Aveiro nas áreas de Gestão de Recursos Humanos. De resto, reforça Pedro Mendonça, só em português é que existe a expressão "fazer horas". Por detrás de muitas reuniões, torna Arménio Rego, está muitas vezes uma "necessidade de diluir responsabilidades por parte de quem tem dificuldades em tomar decisões". Mas o pior é quando uma reunião se resume a "um conjunto de pessoas que estão a falar do que deviam estar a fazer", como descreve Pedro Mendonça, recorrendo a algum do anedotário sobre o tema.

Não é brincadeira. Recentemente, a Escola de Direcção e Negócios fez um estudo intitulado Pontualidade em Portugal - Pessoas e Organizações que concluiu, a partir de um inquérito a 3462 empresários e trabalhadores, que "dois terços das reuniões no nosso país não começam à hora marcada" e que 60 por cento das empresas ou organizações "não têm uma preocupação consistente com a gestão eficiente das reuniões". Não admira, assim, que mais de metade das reuniões tenham sido apontadas pelos inquiridos como supérfluas ou mesmo desnecessárias. Os resultados são claramente desastrosos.

"Uma reunião é uma actividade extremamente cara. Veja-se o custo das pessoas envolvidas e o retorno que se espera obter com ela", reforça o estudo, para concluir que "a probabilidade de estarmos a perder muitíssimo dinheiro não é uma possibilidade, é uma angustiante certeza". Mais olhos que barriga Conscientes disto, algumas empresas - muito por efeito da contaminação cultural produzida pelas multinacionais, mas não só - começam agora a adoptar estratégias de combate ao desperdício de tempo e de dinheiro, forçando a pontualidade. Não é caso para menos, já que, de acordo com o mesmo estudo, 95 por cento dos portugueses não são habitualmente pontuais. Do mesmo modo, 30 por cento não costumam organizar o seu trabalho a partir de uma agenda diária. Pior: entre os que recorrem à agenda, 60 por cento costumam agendar mais tarefas do que aquelas que são capazes de realizar. As empresas que estiverem mesmo interessadas em usar as reuniões para poupar tempo e dinheiro podem sempre optar por ter lições sobre isso. No mercado, já existe uma empresa, a Inforpress, que dá conselhos a empresários e executivos para reuniões eficazes.

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